Monsenhor Silvestre Murari o criador da Romaria dos Cavaleiros de São Jorge a Pirapora

A 92ª Romaria dos Cavaleiros de São Jorge a Pirapora do Bom Jesus parte neste domingo (30 de abril) mantendo uma tradição que começou em 1929 e que apenas foi interrompida por dois anos (2020/21) por conta da pandemia de Covid 19. O monsenhor Silvestre Murari é o criador da romaria que nasceu com o objetivo de aumentar a participação dos homens na vida religiosa. Embora tenha se tornado vigário de São Roque (responsável pela paróquia) em 6 de abril de 1930 é o idealizador da romaria por meio da Liga Católica Jesus, Maria e José.
Monsenhor Murari nasceu em Jundiaí e quando recebeu o título de cidadão sao-roquense, em 1974, escreveu um artigo no Jornal O Democrata agradecendo a homenagem do vereador Moacyr Victório. Na ocasião comentou que “por 31 anos peregrinei entre vós são-roquenses”. Tempo superior ao de pároco, pois entre junho de 1945 a janeiro de 1962 foi vigário de Tatuí. Como ordenou-se sacerdote em 1926 na Igreja de Santa Efigênia (São Paulo), demonstra uma longa ligação com a São Roque.
A revista comemorativa “Jublieu de Ouro – Cinquentenário 1929/1979” aponta. “Tem-se como certo que é o idealizador da romaria… Em registros no Jornal O Democrata percebe-se o carinho com que ele sempre distinguiu-se as romarias. Fato, aliás, comprovado em épocas mais recentes, quando se podia ver o querido monsenhor Murari acompanhando (a cavalo), cantando e rezando, juntamente com os romeiros com destino a Pirapora do Bom Jesus”.
Monsenhor Murari nasceu em 23 de setembro de 1897 e faleceu em 23 de fevereiro de 1978. Três dias mais velho que o papa Paulo VI como aponta reportagem de O Democrata. O papa e o monsenhor morreram no mesmo ano. Silvestre Murari, em Tatuí, em 23 de fevereiro de 1978, e o papa em 6 de agosto. Ambos com 78 anos. Uma simples coincidência.

Silvestre Murari esteve à frente da construção da atual Igreja Matriz de São Roque. O vigário Cícero Revoredo lançou a ideia assim que chegou à cidade em fevereiro de 1929 quando substituiu Affonso Pozzi, promovido para a Paróquia da Barra Funda. A partir de 1930, Murari movimentou a comunidade com doações e trouxe para a cidade o irmão e construtor Augusto Murari que assumiu a obra. Augusto fixou residência em São Roque e foi responsável por outras obras, entre elas o Seminário do Ibaté e o Cine São José
O VALOR DO TÍTULO DE DE CIDADÃO
Recebeu também os títulos de cidadão de Cerquilho e Tatuí homenagens que ocorreram antes de São Roque. Por isso, o padre Luciano Túlio Grilli, paróco de São Roque de 14/06/1956 a 17/09/1967, criticou no artigo “Ainda Bem” no Jornal O Democrata que o reconhecimento tenha demorado tantos anos.
”A concessão do título não fruto de uma esmola gratuita e generosa; e sim o resgate de uma dívida pública pendente de quase quatro décadas. Por que outros municípios fizeram primeiro e São Roque por último, quando, entretanto, foi o primeiro ser beneficiado… Nesse período, o povo bem sabe de títulos concedidos a políticos oportunistas, a charlatães vistosos e exibicionistas, a indivíduos egoístas que pouco ou nada fizeram por São Roque. E tudo isso, por bajulação, pela esmola de agradar, pela ilusão de vãs promessas”
Padre Luciano lembrou ainda que tinha feito o pedido do título de cidadão a um vereador há onze anos. “Ele prometeu… mas deve ter-se esquecido… Mas com essa medida [o título de cidadão ao monsenhor Murari] está restituído o valor e prestígio a um titulo que, por vezes, foi só decorativo e caricato”

Em São Roque, Monsenhor Sylvestre Murari é homenageado com nome da rua à esquerda da Igreja da Matriz. A estrada vicinal que liga Tatuí a Quadra também tem o nome dele, além de rua em Cerquilho.
Silvestre também teve um irmão padre. Eliseu Murari que se destacou na Revolução de 32, professor de Sociologia na USP e autor do livro “Trezenário de Santo Antonio”. Faleceu em 1979.
Agradecimento especial a Plínio Murari pela colaboração com a coluna
