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Feriado na Santa Quitéria, Brasil campeão municipal de 1969

Brasil campeão municipal em 1969: Em pé: Airton, Dário Pernambuco, Ademar Martins, João Bigoré, Zelão Pé de Boi, Aprígio e Emílio Lento (diretor). Agachados: Lucindo, Cido Pezão, Ayrton Piccirillo, Manezinho, Niquinho e Índio. Time do início do campeonato, faltam os titulares Roque Branco que subiu do juvenil e Risso que veio do Grêmio

O Brasil Futebol Clube levou mais de uma década para comemorar o primeiro título: o Campeonato Municipal de São Roque de 1969.

Com ajuda de Roque Benedito Alves, o Roque Preto, 55 anos, continuamos relembrando alguns dos grandes momentos do clube que interrompeu as suas atividades há alguns anos.

Em 1959, o Brasil esteve perto do título municipal, mas teve que se contentar com o terceiro lugar.

“Foi para mim o melhor time do Brasil. Com Milton Cantinflas, Vicente Loiro, Forno, Ziquinho e Dode; Áureo e Luiz Tibaia; Sérgio Lambreta, Valter Lambreta, Geraldo Capeta e Plínio”, analisa Roque Preto que aos 11 anos era mascote desse time.

Chegou, 1969! Brasil, campeão invicto. Em uma competição por pontos corridos o último adversário foi o Grêmio União Sanroquense, no campo do Paulistano. Vitória por 3 a 2.

Dentro de campo, o Brasil foi comandado por Manezinho, um jogador que veio de São Paulo a convite do atacante Lucindo que trabalhava com ele na Nadir Figueiredo.

O time base contava com Ademar Martins; Roque Branco, Risso, Dário Pernambuco e João Bigoré; Zelão Pé de Boi e Manezinho; Lucindo, Cido Pezão, Ayrton Piccirillo e Niquinho.

Roque Preto era reserva do ponta esquerda Niquinho e jogou apenas uma partida diante do Corinthinha do Cambará.

Foram dois técnicos. Nos primeiros três jogos, o Brasil foi dirigio por Luiz Rodrigues dos Santos (Luizão), que perdeu o cargo após três empates: Estrela do Marmeleiro (2a2), Jurid (1a1) e 7 de Setembro do Taboão (0x0).

Luizão: técnico do Brasil nos primeiros jogos do campeonato. Foto Marcelo Roque reprodução Jornal da Economia

Aos 65 anos, Luizão comenta que apesar dos poucos jogos deixou a sua colaboração na conquista invicta.
Curiosamente foi substituído pelo primo Jair de Oliveira Prado de apenas 22 anos. Meia-esquerda do próprio Brasil, Jair do Táxi tinha passado por uma cirurgia de hérnia.

Jair do Táxi técnico campeão no título de 1969 com apenas 22 anos. Foto Marcelo Roque reprodução Jornal da Economia

“Trabalhava na Brasital e tinha que jogar futebol de salão pelo paulistano. Em uma partida contra o Grêmio o goleiro Hélio Mudinho acertou os meus testículos e a situação ficou complicada. O doutor Henrique Nastri e o doutor Zozó (Roque Aparecido Ribeiro Lopes) tiveram que fazer uma cirurgia de emergência. Sem condições de jogos aceite o convite do presidente Luiz Saviolli para ser o técnico.”

ÍNDIO, NÃO!

Roque Preto lembra que o jogo decisivo contra o Grêmio teve um ingrediente especial.

“O Grêmio tinha um grande time, muito técnico, mas saiu no jornal O Democrata uma coisa que mexeu com a gente. O desenho de um índio atirando um flecha no galo que é o símbolo do Grêmio.”

“A gente era canarinho e não índio. Entendemos aquilo como uma provocação, já que a gente da Santa Quitéria era chamado de índio pelos pó-de-arroz da cidade. Resumindo. O Grêmio para os humildes moradores da Santa Quitéria era um time nojento.”

Mais um detalhe para aumentar a rivalidade. O zagueiro Risso tinha trocado o Grêmio pelo Brasil depois de uma”encrenca” com o técnico Caetano Forti. Antonio Carlos Pereira Rios (vereador e depois duas vezes vice-prefeito de São Roque) fez o mesmo caminho e participou da campanha vitoriosa.

Quando a bola rolou, a torcida do Brasil ficou atrás do gol adversário. “O Poti era muito nervoso e não gostava de ser chamado de Verdureiro. A pressão foi tanta que ele acabou sendo substituído pelo Iraci Silveira”, lembra.

No outro lado, Ademar Martins fazia verdadeiros milagres e ainda contava com a sorte, principalmente nas “tijoladas” disparadas por Kiko Forti.

“Além disso, o Grêmio ainda perdeu dois pênaltis em dez minutos de jogo. O Djalma, de Mairinque, colocava bem a bola, mas chutou duas vezes para fora.”

Ayrton Piccirillo fez 1 a 0 para o Brasil. O Grêmio empatou e no segundo tempo virou o jogo. O Brasil deixou tudo igual com Lucindo. Aí veio o gol do título.

Roque Preto lembra com detalhes esse momento mágico. “Uma jogada genial de Manezinho. O Brasil atacava para o lado da capela de Santa Rita. O Manezinho disse para o goleiro: ‘joga’. O Ademar arremessou a bola. Como de costume, Manezinho amorteceu no calcanhar e pisou na bola.”

“O Niquinho disse: ‘eu tô correndo’. Manezinho lançou e o Niquinho bateu de esquerda. Não dava para o Iraci pegar, foi muito violento o chute… Foi aquela festa! A torcida saiu do barranco e invadiu o campo para abraçar os ídolos.”

“O jogo ficou parado. Estava quase no final, 38 do segundo tempo. Recomeçou, mas não tinha jeito. Esse título foi a glória. O maior feito que o Brasil fez. Na segunda-feira foi feriado na Santa Quitéria.”

Vander Luiz

São-roquense, radialista e jornalista

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