Claudio diz que dívida é maior que a divulgada na posse e intervenção da Santa Casa custará 15 mi. Déficit orçamentário pode chegar a 21 mi
O prefeito de São Roque, Claudio Góes, disse nesta quinta-feira (26) que a situação econômica do município é grave e que será preciso cortar custos em todos as diretorias. O abre-alas das medidas atinge justamente o carnaval. As escolas de samba não terão o repasse da subvenção para o tradicional desfile e nem som na Avenida Bandeirantes.
Ao apresentar relatório de auditoria realizada nos primeiros dias de governo, Claudio disse que a dívida atual é de 8,2 milhões de reais e não em torno de 3,7 milhões como apontou o relatório deixado pela administração passada e divulgado no dia da posse.
O valor pode chegar a 11 milhões se forem somadas dívidas que estão sendo cobradas por fornecedores e prestadores de serviços e que a Prefeitura ainda não contabilizou.
OUÇA. AUMENTO DA DÍVIDA
A situação fica ainda mais grave quando são apresentados os números da Santa Casa de São Roque.
“Fui informado que no período da intervenção da Prefeitura foi gerada uma dívida de 15 milhões de reis e a legislação determina que a responsabilidade é da administração municipal. A Santa Casa está devendo mais que a Prefeitura”, lamentou.
A intervenção que durou dois anos e quatro meses foi encerrada no dia 5 de janeiro com a volta da administração à Irmandade da Santa Casa e com a formação de um grupo gestor comandado de forma voluntária pelo empresário Vinicio Cesar Pensa.
Claudio disse que somadas as dívidas trabalhistas da Santa Casa (estima algo em torno de 6 milhões de reais) e o reajuste do funcionalismo municipal (que deve custar cerca 6 a 7 milhões) o rombo deve atingir 24 milhões.
Além disso, o prefeito de São Roque projeta que o município pode fechar o ano com um déficit orçamentário (receitas menor que as despesas previstas) de 21 milhões de reais.
“Em 2016, a previsão orçamentária era de 143 milhões e arrecadou-se 132 milhões. O orçamento deixado para 2017 está superestimado [valor maior que o real]. Está previsto em 156 milhões de reais, mas se arrecadarmos os mesmos 132 milhões do ano passado, teremos um déficit de 21 milhões”, analisou.
RESULTADO DA AUDITORIA – DÉFICIT FINANCEIRO
Aproveitou também para apresentar “a situação de abandono” em que encontrou as escolas, ginásios de esportes e outros prédios públicos.
“Recebemos a frota com 51 veículos sem condições de uso e 31 já deles voltaram a circular. Mas por falta de manutenção outros apresentaram problemas. No Departamento de Obras, nenhuma máquina estava funcionando, hoje três estão operando”.
“Precisamos sair da locação de veículos. Encontramos na Guarda Municipal duas motos que a Prefeitura pagou aluguel por quase quatro anos e que rodaram apenas mil quilômetros cada uma delas”.
CORTE DE GASTOS E VENDA DE IMÓVEIS
Cláudio Góes admitiu que pode ocorrer um aumento na arrecadação e com isso a redução do déficit orçamentário, mas o primeiro passo é cortar gastos, além de aprimorar a fiscalização e torcer por uma melhora da economia nacional.
Informou que contratos estão sendo revistos e que ocorreu a rescisão com a empresa que fazia a roçada sendo contratada outra de forma emergencial com valor 60% mais baixo.
O contrato com a empresa de coleta do lixo teve o valor mensal reduzido e prometeu que todos os serviços terceirizados serão fiscalizados com mais eficiência.
Disse que vai mandar para Câmara projetos anticrise propondo, entre eles, a anistia de IPTU, a venda de terrenos e até a cobrança de taxa de inscrição dos atletas da cidade que disputam a Corrida de Aleluia.
VENDA DE TERRENOS DA PREFEITURA
CORRIDA DE ALELUIA TAXA DE INSCRIÇÃO
Espera contar também com o apoio da população e disse ter recebido telefonemas de pessoas que querem colaborar. Uma das primeiras iniciativas será um mutirão para a cuidar da Praça da República com a limpeza da fonte luminosa.
“Vou lá pegar em uma vassoura não para fazer sensacionalismo. A gente vai lá para mostrar que não tem preguiça”.
Agradeceu também o empenho dos funcionários públicos nos primeiros neste início de governo.
APOIO DA COMUNIDADE E DO FUNCIONALISMO
Questionado se pensa em tomar alguma medida judicial por conta das dívidas herdadas disse que “não vai prevaricar”, mas entende que o Tribunal de Contas é quem deve analisar as contas da administração passada.