Mário Luiz Campos de Oliveira duas vezes prefeito de São Roque
Mário Luiz Campos de Oliveira (12 de junho de 1928) foi prefeito de São Roque em duas oportunidades 1960/63 e 1983/88. É sem dúvida alguma um dos grandes filhos desta terra com administrações que conquistaram elevada aprovação da população. Faleceu aos 88 anos, na sexta-feira dia 2 de dezembro de 2016. O sepultamento foi no dia seguinte no Cemitério da Paz.
No final dos anos 50, representou a renovação política de São Roque sendo apresentado em um famoso jingle eleitoral como “moço bom engenheiro”.
Lembrada até hoje, a música “Nossa Campanha” é uma paródia de “Pastorinhas” (Noel Rosa e Braguinha) feita por Paschoal Rabechini e Odilon Boschetti e conta com uma locução do próprio Odilon Boschetti convocando o eleitor para cabine indevassável marcar com um “X” o nome de Mário Luiz. O disco em 78 RPM (rotação por minuto) foi gravado no estúdio da Rádio Record pelo grupo “Vagalumes do Luar”.
JINGLE DA CAMPANHA DE MÁRIO LUIZ EM 1959
Na eleição de 4 de outubro de 1959, Mário Luiz somou 2.929 superando Abel de Almeida (2.200) e Benedito de Góes, o Nenê da Farmácia (1708).
No primeiro mandato teve Vasco Barioni como vice-prefeito. O dono do Cine São José que foi cantado como o “ideal companheiro”.
Mário Luiz sempre defendeu seus ideais com firmeza e por isso foi perseguido e preso durante a revolução militar de 1964.
Com a volta da democracia, elegeu-se prefeito de São Roque pela segunda vez no dia 15 de novembro de 1982 tendo Zito Garcia como vice-prefeito para o mandato de 1983/1988.
Desta vez, a campanha foi no ritmo de um samba de Iberê do Morro. “Taí, taí com seu povo de volta; taí com seu povo feliz. Taí com o seu povo de volta; nas urnas com Mário Luiz”
IBERÊ DO MORRO – MÚSICA DA CAMPANHA DE 1982
Obteve uma vitória estrondosa conquistando 68,28% dos votos válidos (15.083). O PDS concorreu com três candidatos: Newton Bastos (1.789), Donaldo Lopes (1.524) e Pedro Costa (731). A disputa teve ainda dois candidatos do PT: Mário Judica (284) e Dimas Ferreira de Carvalho Júnior (259).
Pela força de Mário Luiz e por conta do voto vinculado (de governador a vereador o eleitor tinha que escolher candidatos de um mesmo partido), o PMDB elegeu 12 dos 15 vereadores da Câmara de São Roque: Ademar Marreiro, Antonio Carlos Pereira Rios, Celso Miguel, Domingos Sarti Filho (Bé), Durival Cantamessa, Guido Guazzeli, João Perez Gasquez Filho, José Antonio Sanches Dias, José Carlos Baroni Garcia (Zé Balaio), Luiz Roberto Soares, Mário Luiz Sabbatini e Nagib Mana.
A oposição elegeu apenas Djalmo Rodrigues, Mauro Antonio de Góes e Paulino Pereira.
No dia da posse, São Roque foi duramente castigada por um temporal com enchente em vários pontos da cidade.
Os governos de Mário Luiz sempre foram voltados para o social com grandes investimentos na saúde e na educação.
Costumava lembrar que nos anos 60 construiu as duas primeiras escolas de educação infantil de São Roque, os chamados parquinhos do Bandeirantes (Chapeuzinho Vermelho) e da Praça da República (Reino da Garotada).
Quando assumiu para o segundo mandato, praticamente a cidade contava as mesmas unidades. Foi quando construiu Emeis (Escolas Municipais de Educação Infantil) em praticamente todas as regiões da cidade.
Dedicou atenção especial à rede básica de saúde sempre preocupado com a redução dos índices de mortalidade infantil e valorizando programas como o SISO (Serviço Integrado de Saúde Oral).
A construção do acesso de São Roque à Rodovia Castello Branco foi uma das grandes conquistas do segundo governo. Destaque também para a compra da Brasital com a transformação da antiga tecelagem em centro cultural.
No transporte público assumiu as linhas municipais com a criação da SanTC.
Mário Luiz teve a felicidade de administrar São Roque em momentos em que o Estado de São Paulo foi comando por governadores que realizaram grandes investimentos em obras. Carvalho Pinto (1959/1963) no primeiro governo e depois Franco Montoro (1983/1986) e Orestes Quércia (1987/90).
Ao deixar a Prefeitura (1988), quando fez o sucessor Zito Garcia, foi para a Brasital onde desenvolveu uma série de projetos culturais.
Esportista foi um dos fundadores do Grêmio União Sanroquense. O seu caixão foi coberto pela bandeira do clube. Idealizou o escudo do GUS tendo como inspiração a bandeira do Chile durante um amistoso da Seleção Brasileira, no Pacaembu.
No futebol, tinha o apelido de “Enxadão” tanto que durante a primeira campanha foi montado um time com esse nome para ajudar a divulgação do nome do jovem candidato.
Era um apaixonado pelo atletismo despertando em jovens sanroquenses o interesse pela modalidade e a conquista de resultados expressivos.
Introduziu no segundo mandato, o programa Atletismo na Pré-Escola que reunia todas as crianças das EMEIs no estádio municipal.
Engenheiro civil formado pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP), montou a construtora Elo em sociedade com Zito Garcia e Synésio de Paula Santos. A empresa foi a responsável pela construção da Avenida Antonino Dias Bastos (Marginal)
Além disso, trabalhou em obras de destaque pelo Brasil, como a primeira pista da Imigrantes, Castello Branco, Ferrovia do Aço (Uberaba) e em uma usina hidrelétrica no interior do Paraguai.
Deixou a esposa Odila Amélia Tagliassachi Campos de Oliveira e os filhos Luiz Cláudio, Luís Guilherme, Lis e Léa e as netas Victoria e Isadora.
Nossos sentimentos aos familiares e neste momento em que o Brasil atravessa profunda crise política que os nossos governantes possam ter como exemplo o legado deixado por Mário Luiz.
Um sanroquense que tinha potencial de sobra para voos mais altos na vida pública brasileira, mas que preferiu se dedicar com todo empenho à nossa São Roque.
PROGRAMA DE RÁDIO
No dia 14 de junho de 1986, Mário Luiz passou a ter um contato semanal com a população. Neste dia, foi ao ar o programa “A Cidade no Rádio” na Rádio Universal de São Roque (1.460 KHz), onde o prefeito respondia perguntas de ouvintes, de vereadores e fazia um resumo dos principais assuntos da semana.
TRECHO DO PROGRAMA A CIDADE NO RÁDIO – 1988
Tive a oportunidade apresentar ser o apresentador do programa que nunca recebeu ajuda financeira da Prefeitura. Inicialmente era gravado na manhã de sábado por volta das 8 horas e levado ao ar no final da manhã. Algum tempo depois, Mário Luiz achou melhor gravar no gabinete.
Assim durante um bom tempo, marcava presença no gabinete no início da noite de sexta-feira. Em muitas oportunidades, Mário ainda estava em audiência ou assinando documentos. Era convidado a ficar no gabinete esperando o momento de gravar.
Lembro que a gravação só começa depois de despachar todos os documentos e anotar uma série de informações em folhas de suficiente que depois eram organizadas em pastas. Mário era muito criterioso e anotava, por exemplo, diariamente o número de passageiros transportados pela SanTC.
Tenho quase certeza que enquanto prefeito não perdeu nenhum um dia de trabalho e nem tirou férias. Na sua mesa de trabalho, entre outros objetos, tinha uma bandeira da cidade de Fafe presente do empresário português Adriano Dias Araújo. A pequena lembrança tinha uma história interessante.
O proprietário da Inal (Indústria Nacional de Artefatos de Latex), fabricante de preservativos, queria que São Roque se tornasse cidade irmã da sua terra natal que fica na região norte de Portugal.
Para isso, seria necessário que o prefeito fosse para Portugal com tudo pago, sem gastos para o cofre público. A parceria não saiu porque no máximo ele aceitava ficar um final de semana fora de São Roque. Afinal, segunda-feira era dia de trabalho na Prefeitura.
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ALMINO AFFONSO
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Vanderlei gde abraço ,trabalho maravilhoso ,me enche de orgulho ver a entrevista com Mário Luiz,história pura,vou começar acompanhar mais.
Vou preparar em breve uma página do seu pai: Roque Boschetti a voz de São Roque. Abraço!