Nota de falecimento. Radialista Vicente Elias Schanoski, 86 anos
O radialista ituano Vicente Elias Schanoski, 86 anos, faleceu na sexta-feira (23 de agosto), no Hospital da Unimed, onde estava internado desde o Dia dos Pais (11). Schanoski foi bancário, presidente da Comissão Municipal de Esportes de Itu, presidente do Ituano que comandou o retorno ao futebol profissional, mas para mim, principalmente, o locutor esportivo que marcou época na Rádio Convenção de Itu.
Em 1985, aos 18 anos, fui narrar jogos dos Ituano na Segunda Divisão na Rádio Convenção. Foi uma experiência muito legal e também um desafio, porque fui justamente para substituir Vicente Elias Schanoski. A Rádio Convenção era ouvida com muita dificuldade em São Roque, mas conhecia o trabalho dele com uma narração tradicional, voz forte e criador de frases que marcavam a transmissão. O estádio Novelli Júnior era chamado por ele de “O Majestoso da Vila Nova”, além de vários apelidos para os jogadores. Vale dizer que a Rádio Universal de São Roque também era ouvida em alguns pontos de Itu e foi assim que o jornalista Augusto Lobo pode acompanhar o meu trabalho e veio conversar comigo em São Roque.
No primeiro dia em que fui para Itu conversar com o diretor Fábio Pires de Almeida, que morava em um prédio bem no centro de Itu na Praça Padre Luiz, a cidade estava parada com lojas fechadas. Pensei até que fosse feriado, mas depois fiquei sabendo que tinha falecido a mãe do prefeito José Lázaro Piunti. O Fábio não quis conversar naquele dia porque estava abalado com a morte da mãe do prefeito. No entanto, a viagem não foi perdida porque o Lobo me levou para conhecer Schanoski. Foi só atravessar a rua porque trabalhava no Banco Itaú que também ficava junto à praça central.
Conversamos por alguns minutos. Schanoski era uma pessoa muito educada, falou sobre o seu trabalho na Rádio Convenção e desejou boa sorte. Ao longo dos anos, encontrei com ele várias vezes. Narrei o primeiro acesso do Ituano, em 1989, pela FM 90 de Salto e o Schanoski sempre estava no estádio, inclusive trabalhando no serviço de som da Prefeitura trazendo as escalações, alterações e informações de utilidade pública.
Que os ituanos saibam preservar as lembranças deste batalhador que um dia menino ouviu o anúncio que a Rádio Convenção estava precisando de um office boy. Foi contratado e na emissora fez de tudo, só não cantou, mas encantou os ouvintes por décadas.
VICENTE ELIAS SCHANOSKI (1937/2024)
Nascido em em Curitiba em 31 de agosto de 1937 faleceu em 23 de agosto de 2024 quando faltavam poucos dias para completar 87 anos. Filho do tenente Domingos Nascimento Schanoski e da dona de casa Ignês Elias Schanoski morou até os 6 anos na capital paranaense, quando a família mudou-se para Laguna (SC). Nova transferência agora em definitivo para Itu.
Certo dia a Rádio Convenção anunciou que estava admitindo um office boy e lá foi o menino tentar a sorte. Sequer poderia imaginar que na emissora faria de tudo de operador de áudio a apresentador de programa e narrador esportivo. Também passou pela Rádio Cacique de Itu emissora que transferiu-se para Capivari. Naquele tempo, a mudança de cidade era permitida tanto que a Rádio Cacique de São Roque operou de 1º de maio de 1951 a 29 de junho de 1958 quando seguiu para São Caetano do Sul e depois Taubaté onde permanece.
Schanoski recebeu proposta para trabalhar em uma emissora de Jundiaí, mas não aceitou deixando o rádio. Em 1958, retornou à Convenção e apresentou os programas Rádio Difusor, Panorama Esportivo e Lojinha de Música. Também foi como office boy que entrou no Banco Moreira Salles (atual Itaú) onde aposentou-se como sub-gerente.
Jogou no juvenil do Auto Futebol Clube comandado pelo lendário Mão de Onça, goleiro do Juventus nascido em Itu que sofreu o gol mais bonito de Pelé, quando o Rei do Futebol aplicou três chapéus, inclusive no goleiro, antes de balançar a rede na vitória do Santos por 4 a 2, em 2 de agosto de 1959.
Destacou-se como dirigente esportivo na presidência da Comissão Municipal de Esportes e funcionário da Secretaria de Esportes de 1972 a 1989 passando por várias administrações municipais. Uma de suas primeiras iniciativas foi reativar a Liga Ituana de Futebol, além de promover campeonatos de futebol de salão adulto e dente-de-leite.
Se hoje temos o Ituano Futebol Clube na Série B do Brasileiro e no Campeonato Paulista – onde foi campeão em 2002 (depois perdeu o Super Paulista para o São Paulo) e 2014 – não podemos esquecer que Vicente Elias Schanoski deu o pontapé inicial. Era o presidente do Ferroviário Atlético Ituano (FAI) quando a cidade voltou a disputar o futebol profissional em 1977. Estava à frente das reuniões com o presidente da Federação Paulista de Futebol, Alfredo Metidieri (nascido em Votorantim quando pertencia a Sorocaba), que proporcionou que o Galo disputasse o Campeonato Paulista da Terceira Divisão. A Segunda Divisão exigia que a cidade tivesse no mínimo 90 mil habitantes, mas não impedia que fosse criada a Terceira Divisão sem essa exigência. As portas estavam abertas.
Por sinal, Schanoski também foi quem escolheu o Galo como a mascote do Ituano, além de definir o vermelho e preto as cores oficias. Nascia, o “galo rubro-negro” imortalizado no hino composto por Renato Silva, em 1990.
Quando Itu participou em várias edições do Cidade Contra a Cidade lá esteve Schanoski com a função de manter contato direto com o apresentador Silvio Santos. Mas foi além dessa função, participou diretamente da organização dos representantes nas provas e da maneira como as entidades ituanas receberiam ajuda financeira com a divisão do dinheiro levantado com os carros zero quilômetro conquistados em cada vitória.
Recebeu o título de cidadão ituano da Câmara de Vereadores da Estância Turística de Itu nos anos de 1980. Em agosto de 2018, nova homenagem de Cidadão Emérito. Foi o primeiro e último a receber as duas homenagens porque uma mudança determinou que somente ituanos natos podem se agraciados o título de Cidadão Emérito.
Vicente Elias Schanoski era viúvo de Dona Margarida com quem teve as filhas Elis Regina (falecida) e Eillen. O velório ocorreu, em Itu e o corpo cremado em 24 de agosto, em Sorocaba.