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Morreu Elilio Franceschi um dos fundadores do Paulistano de São Roque

 

Elilio Franceschi faleceu, aos 84 anos, nesta terça-feira (25 de abril) na Santa Casa de São Paulo. O sepultamento foi no dia seguinte no Cemitério do Cambará.

Fiquei sabendo somente nesta quinta-feira ao ser informado pela neta Amanda Morales Franceschi.

Elilio Franceschi: *29/05/1932 +25/04/2017

Nascido em 29 de maio de 1932, Elílio era viúvo de Wilma da Silva Franceschi com quem teve os filhos Elilio, Ederaldo, Edemilson (Michú, falecido) e Moisés. Deixa seis netos e duas bisnetas.

Trabalhou na Brasital por 35 anos e depois em uma distribuidora de bebibas da Skol.

Ellio é um dos fundadores do Clube Atlético Paulistano (28 de novembro de 1950). O pai Antonio Franceschi foi o primeiro presidente do Mamute da Vila Aguiar.

Em 2000, quando o Paulistano completou 50 anos, foi homenageado pelo presidente Nelson Ribeiro do Prado em um jantar no Restaurante Kim no dia primeiro de dezembro.

Também foram homenageados Eddie Luiz Alonso e Jaime Roberto Fandi. José Antonio da Cunha (Zé Toco) e Airton Piccirillo infelizmente não puderam comparecer.

Elilio Franceschi (centro) homenageado nos 50 anos do Paulistano

Em maio de 2002, Elilio Franceschi foi o meu entrevistado na coluna Galeria do Jornal da Economia. Abaixo transcrevo a reportagem.

 

O Paulistano que emocionava antes mesmo da sua fundação

Oficialmente o Tricolor da Vila Aguiar nasceu no dia 28 de novembro de 1950, mas antes dessa data o Paulistano já movimentava funcionários da tecelagem Brasital.

Elilio Franceschi na coluna “Galeria”/Jornal da Economia (maio de 2002)

Próximo de completar 70 anos (dia 29 de maio), Elilio Franceschi é um dos fundadores  do clube, sendo literalmente o seu primeiro secretário, além de ser filho de Antonio Franceschi (1910/1987), o primeiro presidente do Tricolor.

Na sala da sua casa, no Jardim Flórida, ao lado do filho Moisés, Elilio viajou pelo tempo para falar das “raízes do Paulistano”.

O clube está ligado à Vila Aguiar, na Avenida Santa Rita onde estão a sede social e o campo de futebol, mas sua história começou no final da década de 40 em um outro bairro da cidade.

“Era um grupo que jogava futebol na Santa Quitéria (terreno onde hoje está a Carambeí ou Vila Irene). Era um time sem nome fixo, quando ganhava o nome continuava, quando perdia a gente trocava. Eu lembro que o último nome foi Cipó Futebol Clube”, explica Elilio.

“O time foi ganhando vida, incorporando pessoas, o meu tio Atílio Franceschi era o técnico e boa parte dos jogadores trabalhava na Brasital”.

Não sabe ao certo o motivo, mas o time passou a ser chamado de Paulistano.

O mais provável é que seja uma homenagem ao Club Atlético Paulistano de São Paulo, associação fundada em 1900 e que dominou o futebol paulista no início do século, deixando as disputas por não concordar com o profissionalismo que ganhava força no final da década de 20.

Sem uma diretoria constituída, o Paulistano de São Roque sobrevivia com dificuldades. Eram apenas onze camisas que utilizadas pelos dois quadros, quando alguém era substituído, somente em caso de contusão, havia a troca de camisa. O reserva e o time principal já entravam em campo com a camisa “batizada”.

Havia apenas uma bola e caso furasse o jogo estava encerrado. Apesar das dificuldades, o grupo se reunia toda a semana e sempre em locais diferentes.

O primeiro ponto fixo foi no Bar do Bonini, de propriedade de Atílio Bonini, na Praça da Matriz. Logo na primeira reunião ficou decidido que seria criado um quadro associativo com o pagamento de uma taxa mensal, mas os jogadores teriam que comprar chuteiras, meias e calção, além do time não ter nenhuma responsabilidade no caso de contusão.

“O nosso uniforme estava em condições precárias e resolvemos criar algumas listas para arrecadar fundos, mas alguém disse que seria melhor promover uma arrecadação única”.

“Assim criamos uma comissão que eu também fazia parte ao lado do Nelson Ribeiro do Prado (Nico), Orestes Ribeiro do Prado, Antonio Franceschi, Atílio Franceschi, Remo Roque Sasso e Joaquim Moya e o entusiasta Cristhiano Emiliano Pena (Tatu) que opinou sobre o modelo do uniforme”, lembra Elílio.

Mas aconteceu algo muito triste. “Alguém em tom de brincadeira chegou a dizer que o Tatu não vestiria o uniforme. E não é que ele ficou doente, foi internado, operado de apendicite e veio a falecer”.

VILA AGUIAR

O Paulistano estava ganhando o seu espaço na região, mas não tinha onde treinar e jogar. Como boa parte do time era formado por operários da Brasital, o São Roque Atlético Clube (que mandava jogos no campo que pertencia à tecelagem) se viu obrigado de ceder horário para o Paulistano.

Assim, passou a treinar no sábado e podia mandar um jogo por mês. Nesse período, o Atlético já estava entrando em decadência depois de dominar o cenário esportivo da cidade ao lado do rival São Bento.

A conquista definitiva do campo  da Vila Aguiar mais uma vez contou com a força dos operários da Brasital. Durante uma greve, em 1950, o presidente do Sindicato dos Tecelões, Joaquim Moya, negociou com os diretores da fábrica a cessão do terreno, desde que o time fosse oficializado e que os funcionários da Brasital fossem maioria na diretoria.

Dessa forma, o operário Marcílio Montebello abriu a sua casa, localizada no terreno do campo, para a reunião que oficializou o Clube Atlético Paulistano na noite de 28 de novembro de 1950.

Durante trinta e cinco anos em que trabalhou na Brasital, Elílio comenta que o Paulistano sempre foi um assunto em destaque na fábrica.

“Quando era semana de jogo contra o Grêmio União Sanroquense não se falava em outra coisa. O jogo parava a cidade, despertava rivalidade e muitas vezes não terminava bem”.

Hoje, Elílio guarda com muito carinho todas as lembranças. Além de dirigente, jogou durante muitos anos no quadro B como lateral direito. Quando faltava alguém se aventurava no ataque.

“Eu tinha um pacto com alguns amigos (Oscar Soares de Lima, Amin, Luiz Borracha e Leco) que a gente jogaria somente no quadro B. O nosso negócio era lazer e não competição”.

Apesar do acordo, chegou a jogar algumas vezes no time principal, mas isso quando faltava alguém. O único título como jogador foi conquistado no segundo quadro em uma final contra o Bandeirante.

“Dividi a bola com o zagueiro Nenê e fiz o gol do título. Tenho até o hoje a marca da trava da chuteira do adversário na canela. Nem pude comemorar de tanta dor”.

Na condição de alguém que se emocionava com o Paulistano, antes mesmo da sua fundação oficial, Elilio Franceschi pede para que a Prefeitura de São Roque e a imprensa incentivem o clube e deixou a seguinte mensagem:

O Paulistano é uma força viva dentro da gente

Elilio Franceschi

Vander Luiz

São-roquense, radialista e jornalista

3 thoughts on “Morreu Elilio Franceschi um dos fundadores do Paulistano de São Roque

  • Silvana Morales de Azevedo

    O Sr. Elilio era dono de uma mansidão ímpar. ….transmitia sempre tranquilidade e ao mesmo tempo era muito engraçado, sempre tinha uma história engraçada pra contar….Deixará saudades “Dito”

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  • Março Aurélio boschetti

    Pois é, eu gostava de ver os 4 filhos dele jogando juntos no grêmio ,no campinho de areia,era um time forte.era também muito amigo do michu,e sei o quanto este homem sofreu.que ele seja abençoado.

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    • Amanda Franceschi

      Bom saber que era amigo de meu pai! Agora meu avô está descansando ao lado de meu pai e de minha avó ❤️
      Obrigada pelo carinho Marco

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