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Morreu Victor Fernandes da Silva, 87 anos. Sepultamento foi às 14 horas

 

Faleceu na madrugada deste domingo (3 de setembro), o professor de Educação Física Victor Fernandes da Silva, 87 anos, no Hospital da Unimed em Sorocaba. O velório teve início por volta do meio dia e o sepultamento ocorreu neste domingo às 14 horas, no Cemitério da Paz.

Victor nasceu no dia 23 de agosto de 1930 filho de José Fernandes da Silva e Amélia Storni e teve a sua trajetória marcada pelo esporte. Foi casado com a professora Arlete e deixa os filhos Victor José e Ana Rita e o neto Victor Hugo.

Victor Fernandes da Silva (1930/2017)

É um dos grandes nomes do atletismo sanroquense representando a cidade em várias competições. Levou o nome de São Roque ao ponto mais alto do pódio em competições estudantis nos anos 50.

Em 1951, ganhou medalha de ouro na prova dos 1.000 metros do IV Campeonato Colegial de Esportes, realizado no estádio do Pacaembu, em São Paulo.

Foi medalha de ouro nos 800 metros rasos na primeira edição dos Jogos Universitários do Interior em 1953.  A conquista valeu um artigo do engenheiro Mário Luiz Campos de Oliveira publicado no Jornal O Democrata de 6 de junho de 1953 com o título “Um sanroquense brilha lá fora…”  Leia abaixo o artigo na íntegra.

Conquista de Victor no artigo de Mário Luiz Campos de Oliveira (1953)

Victor foi presidente do Grêmio União Sanroquense em dois períodos de 1983/84 e 1989/2003. O futebol veterano do Grêmio foi a sua paixão por vários anos.

Por sua ligação de amizade com o professor Valdir Pagan conseguiu trazer em várias oportunidades as seleções brasileiras de basquete para treinar no ginásio do Grêmio União Sanroquense. O público sanroquense e regional pode ver de perto ídolos com Oscar Schmidt, Hortência e Paula.

Victor é o segundo colocado com a camisa de São Roque

 

Falava com muito orgulho do pai José Fernandes da Silva que se empenhou e conseguiu trazer o curso ginasial para São Roque e do tio Nho Totico (Vital Fernandes da Silva 1903-1996), um dos grandes nomes do humor brasileiro e sucesso em programas de rádio de São Paulo.

O pai José Fernandes da Silva (Nenê Mecânico) fez parte da comissão pró-ginásio estadual. A campanha obteve êxito e o curso secundário em São Roque começou no prédio do Grupo Escolar “Bernardino de Campos” e depois transferiu-se o prédio próprio atual Horácio Manley Lane.

Victor fez parte da primeira turma do Ginásio Estadual que se formou em 1951. Dela também fez parte o ator Juca de Oliveira.

Certo dia comentei com Magalhães Júnior, redator do programa “A Praça é Nossa” (SBT), que um sobrinho do Nho Totico morava em São Roque.  Alguns dias depois, Magalhães foi até a Jovem Pan e entregou um disco de Nho Totico com a sua famosa “Escolinha da Dona Olinda”, onde fazia todos os personagens.

O disco e uma cópia em CD foram entregues para Vitor e a irmã Beatriz durante um evento de comemoração do aniversário de implantação do ginásio em São Roque realizado na Delegacia de Ensino.

Victor disse que encaminharia o disco histórico para o sobrinho Paulo Fernandes que escreveu a biografia do Nho Totico e que estava montando um museu em Descalvado, cidade natal do humorista.

Nossos sentimentos aos familiares.

Victor e a irmã Beatriz recebem o disco de Nho Totico com cópia em CD. Outubro de 2014

 

Um sanroquense brilha lá fora…

Escreve Mário Luiz – publicado no Jornal O Democrata em 6 de junho de 1953

Victor Fernandes quando estudante de Educação Física em Bauru

Victor Fernandes da Silva continua honrando o atletismo sanroquense. Nós que, desconsolados estávamos com a perda do maior valor atlético que São Roque já produziu, nos enchemos de orgulho e de admiração ao saber da maiúscula vitória de Victor nos 800 metros rasos do I Jogos Universitários do Interior.

A notícia procurada com tanta ansiedade nos cantos de páginas dos jornais, pequenina e singela revelava a grandiosidade do feito. Aliás, já é costume do brasileiro dar pouco valor às grandes conquistas.

O sanroquense não pode ficar alheio a essas coisas; elas são tão efêmeras e raras que deveríamos nos demorar por longo tempo a analisar as suas benéficas consequências.

Acostumados que estamos a viver num ostracismo, do qual somos os únicos culpados pela negligência com que solvemos os nossos problemas extras municipais, fatos como esse servem para despertar as eternas mentes letárgicas, distintivo inglório que portamos à nossa revelia.

Todas as vezes que somos forçados a comparar qualidade e feitos sanroquenses temos levado incrível desvantagem, a não ser com raríssimas exceções.

Nestas o poder do gênio, da inteligência ou da força de vontade foi obrigado a desenvolver um esforço sobre-humano para primeiro libertar-se das clássicas intrigas internas e depois consagrar-se aos olhos de todos, menos dos sanroquenses.

Aproveitamos do esporte para fazer apologia do bairrismo. Acreditamos que o esporte seja um campo mais profundo para conclusões menos melindrosas, já que na luta por outros ideais nos arrasta o vil terreno da política perniciosa, da qual a atualidade sanroquense é uma espécie bem vulgar.

Nós sempre lutamos pelas disputas inter-regionais; as lutas internas são fatos banais e corriqueiros, não tem valor algum. É por isso que sempre intervimos nos Jogos Abertos do Interior com o coração nas mãos. Ali está em jogo o nome da nossa terra, pela qual teremos eu lutar exclusivamente.

Que significam as vitórias deste ou daquele clube sanroquense em suas liças caseiras? O nome esportivo de São Roque sempre continuará olvidado porque, infelizmente, nós não existimos lá fora das divisas de nosso município.

Qual é, então, o objetivo de nossos clubes? Viver de intrigas e mexericos? O mal de nosso esporte, principalmente do nosso futebol, está em não se saber porque existe. Assim como condenamos os egoístas pela sua inutilidade perante à sociedade, São Roque, nos condenará pelo egocentrismo de nossas agremiações.

É bom nunca se esquecer que o todo deve se constituir de frações fortes e robustas, mas ele será assim mesmo fraco se as partes não tiverem uma visão de conjunto. Aplique-se aos nossos clubes.

Por tudo isto é que temos a obrigação de dar um real e merecido valor às nossas conquistas extra-sanroquenses.

A vitória de Victor provocou em nós esta reação. Felizes seremos se outros repetissem periodicamente estas doses de despertar de sentimentos guardados e amordaçados nos cérebros dos desfibrados. Ele não venceu envergando as camisas alvi-celestes que sempre soube honrar, mas podem ficar certos que pulsou um coração bem sanroquense naquele que brilha lá fora.

 

Diretor do Ginásio de São Roque Ivaldo Villaça cumprimenta Victor por conquista

 

Victor (à esquerda) nos Jogos Abertos do Interior 1948 (Santos)
Victor com amigos do veterano do Grêmio

 

Victor com óculos escuros: marca registrada

 

Victor com Oswaldo Sfefani (Pirulito)

 

Victor (esquerda) reunião do veterano do Gus
Disco de Nho Totico entregue a Victor Fernandes
Capa do livro com a biografia de Nho Totico

Vander Luiz

São-roquense, radialista e jornalista

1 thought on “Morreu Victor Fernandes da Silva, 87 anos. Sepultamento foi às 14 horas

  • Paula Roberta M Fernandes de Castro Santos

    Que linda homenagem ao tio Vitor!!!! Muito bacana…. verdadeiro atleta!!!!

    Resposta

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