Entrevista com o prefeito eleito de São Roque José Antonio Sanches Dias (1992)
O Jornal da Economia de 24 de outubro de 1992 (edição 31) trouxe uma entrevista com o prefeito eleito de São Roque, José Antonio Sanches Dias, que falou da vitória e dos planos de governo.
Aos 45 anos, Sanches (PTB) foi eleito pela coligação “União Pelo Desenvolvimento” com 11.790 votos (38,1%). Luiz Cláudio Campos de Oliveira (PMDB) ficou em segundo com 9.135 votos (29,5%), Antonio Carlos Pereira Rios (PSB) em terceiro com 2.182 votos (7%) e Oswaldo Pirolito Stefani (PT) com 1.292 (4,1%)
Eu e Carlos Mello fomos recebidos pelo prefeito eleito de São Roque em sua residência na rua Rio Branco. Do mesmo local onde menos de dois anos depois (22 de julho 1994), Sanches seria surpreendido por ladrões que o levaram para ser assassinado próximo ao quilometro 58 da Rodovia Raposo Tavares. Sanches foi sucedido pelo vice-prefeito Wagner Nunes.
A chamada de capa do Jornal da Economia destacava. “Durante quase uma hora, o futuro prefeito falou das suas primeiras medidas ao assumir a Prefeitura e que não guarda mágoa de ninguém ao final do processo eleitoral”.
Sobre o seu relacionamento com grupos econômicos que pensam em ‘lotear’ São Roque declarou.
“Essa foi uma estratégia eleitoral do meu adversário que procurou me vincular a um grupo que viria tomar conta da cidade. Mas não vem. Quem vai administrar sou eu. Não tenho compromisso com ninguém”.
Sanches era ligado ao empresário argentino Ruben Dario Almonacid (1943-2002) que realizou vários investimentos na cidade. Entre eles, a construção do Shopping Cidade, na Vila Aguiar. O prefeito eleito foi questionado por mim sobre o tema.
Vanderlei – A exemplo da campanha passada [Sanches foi derrotado em 1988 por Zito Garcia na disputa pela Prefeitura de São Roque], muito se falou que o senhor é ligado a grupos econômicos. Por que foi criada esta imagem de que São Roque vai ser loteada?
Sanches – Eu montei uma pequena indústria e uma pequena construtora e sempre disse que preferia ser rabo de tubarão do que cabeça de sardinha.
Eu sempre procurei avançar e nunca aceite a situação, ao longo do tempo me associei a pessoas de São Paulo que tinham interesse de investir em São Roque. A cidade é a mesma coisa, ela tem que buscar parcerias.
Ao longo dos anos, São Roque tem sido governado por pessoas que pensam pequeno, que têm medo de crescer e do progresso. Nós estamos conversando com a Lacta. Se ela se instalar somente na construção serão investidos 40 milhões de dólares. Sempre procurei manter boas relações com quem tem recursos para investir e não tenho medo disso.
Foi uma estratégia eleitoral do meu adversário que procurou me vincular a um grande grupo econômico que viria para tomar conta de São Roque. Mas não vem, quem vai administrar sou eu.
Não tenho compromisso com ninguém, meus sócios são sócios da empresa e param por aí. Preciso deles no sentido de que tenham condições de investir. Já os convenci a construir o supermercado para o Sesi, onde está sendo investido perto de 30 mil dólares, e estamos tentando convencer um grupo a construir no Marmeleiro as instalações para um hipermercado para que um grupo venha e se estabeleça aqui. Acho importante que se estabeleça concorrência no setor de alimentos.