REVITALIZAÇÃO DO CENTRO DA CIDADE: MEDIDA INADIÁVEL
O antigo Jardim Público de São Roque, hoje denominado Praça da República (foto: divulgação)
Por: Simone Judica* Há mais de uma década se fala em organizar um roteiro turístico para o Centro de São Roque.
Em 7 de outubro de 2011 a Prefeitura da Estância Turística de São Roque fez o lançamento oficial do Roteiro do Centro, na mesma data em que foi inaugurado o Posto de Informação Turística da Praça Heitor Boccato, que à época passou por reformas.
“Quero deixar para São Roque um turismo consolidado e estamos fazendo isso. Esse roteiro é mais uma vitória que junto ao trem turístico que em breve estará funcionando e ao Portal de Entrada da cidade trarão para a cidade muito mais turistas”, assegurava, na ocasião, o então prefeito Efaneu Nolasco Godinho.
O tema Roteiro do Centro não teve a mesma visibilidade e não gerou a mesma polêmica que o projeto do Trem Turístico. Ambos porém, num primeiro momento, tiveram o mesmo destino: não avançaram e, na análise de muitos observadores, foram considerados promessas eleitoreiras e devaneios por completo impossíveis de se tornarem realidade.
O Roteiro do Centro, no modelo concebido em 2011, engatinhou, mas não adquiriu a firmeza necessária para sustentar-se em pé e percorrer os caminhos do sucesso. Assim, acabou engavetado. Porém, a iniciativa de sua concretização, frustrada em um primeiro momento, ganhou novo fôlego e em 2019 teve a força que antes lhe faltou e tornou-se realidade.
Sobre o projeto do Trem Turístico, convido meus leitores a aguardarem matéria futura, na coluna São-roquices. Prometi, no lançamento da coluna no site do Vander Luiz, abordar esse tema e oportunamente o farei.
Maria fumaça na estação ferroviária de São Roque, durante a controversa exibição do Trem Turístico à população, em 30.09.12 (foto: Simone Judica)
Novo Roteiro do Centro veio para ficar
Há aproximadamente um ano e meio um grupo de empresários, com o apoio da Associação Comercial de São Roque – ACIA, da Associação São-roquense de Guias de Turismo – ASGUIT, do Conselho Municipal de Turismo de São Roque – COMTUR, da FATEC de São Roque, do Roteiro do Vinho e da Prefeitura da Estância Turística de São Roque, retomou a antiga ideia de organizar e implantar um roteiro turístico específico do Centro.
Realizados estudos de viabilidade, passou-se à etapa de preparação da documentação para, finalmente, a ideia rumar da teoria para a prática. Foi instituída a Associação do Roteiro do Centro de São Roque, cujo estatuto social já se encontra aprovado e arquivado em cartório, conforme determina a lei. Foi eleito presidente da Associação, para um mandato de dois anos, o empresário Arthur Barioni Bembom, que representa o Centro Cultural Cine São José.
O Roteiro do Centro congrega empresas legalmente constituídas, atuantes nos segmentos de gastronomia, entretenimento, lazer e turismo. Pessoas físicas não são admitidas. “A ACIA fez questão de ser a associada número um e tem se destacado como grande apoiadora de todas as nossas iniciativas do Roteiro do Centro, inclusive disponibilizando espaço físico para nossa instalação provisória em sua sede. No total, o Roteiro já conta com vinte associados”, explica Arthur Barioni Bembom.
Logotipo do Roteiro Turístico do Centro
Em 28 de junho de 2019 o Roteiro do Centro foi lançado oficialmente e, desde então, vem trabalhando com dinamismo para alavancar o turismo na área central da cidade.
A estrutura, os objetivos e responsabilidades do Roteiro do Centro estão descritos em seu estatuto. O regimento interno da associação está em fase de elaboração e trará a regulamentação das ações do Roteiro do Centro e a forma de execução de seus projetos.
Por se tratar de assunto da mais alta relevância para o desenvolvimento da cidade de São Roque, em breve a coluna São-roquices voltará a falar sobre o Roteiro do Centro para expor com mais pormenores seu regramento e seus planos futuros, além de abordar as parcerias de sucesso já firmadas, como o apoio da Fatec de São Roque e do Roteiro do Vinho.
Pontos turísticos do Roteiro do Centro
Os pontos turísticos e históricos do Roteiro do Centro não estão concentrados apenas na área geograficamente definida como o Centro da cidade e contemplam diversos tipos de atrativos, como as igrejas da Matriz e de São Benedito, o Centro Cultural Cine São José, o Jardim Público (Praça da República), a Brasital, o Largo dos Mendes, o Recanto da Cascata, a Estação Ferroviária, o Morro do Cruzeiro, o Ski Mountain Park, a Mata da Câmara, o Sítio Santo Antônio e as casas históricas que restam na cidade.
Brasital, um dos lugares mais importantes para a história e o turismo de São Roque (foto: divulgação)
Para o presidente do Roteiro do Centro, “a ideia é agitar o Centro por meio da visitação aos pontos turísticos, da movimentação do comércio em geral e da frequência aos bares e restaurantes, inclusive à noite, para alavancar também a vida noturna da cidade, o que atrai não só turistas, mas a própria população da cidade, gerando renda e empregos”.
Dificuldades
Como toda iniciativa que envolve diferentes segmentos, os idealizadores e fomentadores do Roteiro do Centro têm encontrado obstáculos. Alguns deles já foram ultrapassados e a Associação segue formalmente organizada e já tem um sólido grupo de associados, que acredita no projeto e quer trabalhar para seu aprimoramento.
Para o presidente do Roteiro do Centro, “o longo período sem incentivo ao turismo na área central deixou os empresários dessa região receosos de que os turistas não se interessem de pronto pelo que existe nessa fatia da cidade e que os investimentos que eles precisam fazer para acolher esse público não tenham o retorno financeiro necessário, o que pode gerar uma crise”.
Arthur Barioni Bembom, presidente do Roteiro Turístico do Centro, é um dos proprietários do Centro Cultural Cine São José
Vale lembrar que os turistas, em sua maioria, visitam a cidade aos finais de semana e feriados, quando praticamente inexistem opções de comércio e gastronomia na região central da cidade.
Outra dificuldade apontada por Bembom refere-se à ideia arraigada na mentalidade de muitos moradores da cidade, que creem que o turismo é incompatível com a geração de empregos por meio da instalação de indústrias em São Roque. “A indústria e o turismo podem muito bem conviver em harmonia e o fato de desenvolvermos o potencial turístico de São Roque não impede que haja fábricas na cidade. O que precisamos é explorar esse segmento do turismo que é mundialmente reconhecido como fonte geradora de empregos e receita tanto para a iniciativa privada quanto para o poder público”, explica o presidente do Roteiro do Centro.
Não se pode esquecer, também, que parte do patrimônio histórico de São Roque se encontra bastante deteriorado, a carecer de manutenção urgente. Isso cabe ao poder público que, nas suas mais diversas gestões municipais, até o momento tem se revelado absolutamente infeliz em conduzir essa questão, seja no sentido de evitar a demolição de prédios de valor histórico e arquitetônico ou promover medidas para sua conservação adequada e sua utilização voltada à cultura e ao turismo.
Durante esta semana, por exemplo, mais um casarão do centro da cidade entrou em processo de demolição, o que empobrece ainda mais o acervo de construções antigas que poderia, se bem explorado, ser um enorme atrativo cultural e turístico para o município.
Casarão em processo de demolição, na Rua XV de Novembro, no Centro de São Roque (foto: Simone Judica)
Conheça melhor o Roteiro do Centro e associe-se
A organização entre os empresários e comerciantes da cidade é benéfica, já que a união e a harmonização de interesses contribuem para o fortalecimento de cada um dos envolvidos e para o grupo como um todo.
Não somente os empresários e comerciantes da área central podem se associar. A Associação Roteiro do Centro está de portas abertas para todos aqueles que estão estabelecidos no território da cidade de São Roque.
Para mais detalhes sobre o trabalho do Roteiro do Centro e o procedimento de tornar-se associado, basta entrar em contato por e-mail: roteirodocentrosr@gmail.com .
A história mostra todo o potencial do Centro da cidade
O velho Lago da Matriz de São Roque, na década de 1920
São Roque começa aqui
…chegaram ao alto da serra do Ibaté, donde descortinaram todo o vale do Carambeí. Pedro Vaz, que já havia deliberado tomar terras por sesmaria, agradou-se da paisagem, deu os passos para obtê-la e dentro em breve entrava na posse desse vasto domínio. (…)depois de percorrer as zonas circunjacentes, escolheu para sede de sua propriedade o trecho situado entre as margens do Carambeí e do Aracaí. Construiu logo a casa residencial, que era assobradada e de taipa, conforme o uso do tempo. Ficava próximo ao atual largo da Matriz, à esquerda de quem desce; e logo depois, em frente ao sobrado, no lugar em que está hoje a capela-mor, erigiu uma igrejinha, que colocou sob a invocação de São Roque.
O relato do historiador são-roquense, professor Joaquim Silveira Santos, na clássica obra “São Roque de Outrora”, mostra que a cidade de São Roque nasceu exatamente nas imediações da Praça da Matriz. Isso aconteceu no ano de 1657. Uma vez aí estabelecido, tratou o fundador de lavrar a terra, de povoá-la, de melhorá-la; e com tanto empenho o fez que… foi a casa e fazenda de Pedro Vaz de Barros uma povoação tal, que bem podia ser vila…A sua casa era diariamente frequentada por hóspedes e parentes e nela se fabricava o pão e o vinho em abundância.
A expressão “São Roque começa aqui”, utilizada pelo Roteiro do Centro na divulgação de seus projetos e atividades, exprime, pois, uma verdade histórica que não pode ser ignorada ou desprezada e deve ser explorada a favor da a continuidade do progresso desta terra.
O coração fica aflito, bate uma, e a outra faia
A movimentação existente no entorno da propriedade e da capela pertencentes a Pedro Vaz de Barros não diminuiu com o passar do tempo. Ao contrário, apesar da expansão urbana, da criação de diversos bairros e do despontar de diversos locais de relevo na dinâmica são-roquense, a área central está consolidada como o coração da cidade.
Aspecto da Praça da Matriz, na década de 1950 (foto: divulgação)
Entretanto, se é fato que esse coração palpita de modo vibrante no ir e vir contínuo das pessoas e dos veículos pelas ruas, nos bate-papos pelas esquinas, no movimento do comércio, dos bancos e locais de prestação de serviços, na jovialidade dos alunos das escolas e faculdades, na disputa pelos melhores pontos para se estabelecer novos empreendimentos, também é verdade que, muitas vezes, o descaso com que a área central é tratada pelos poderes Executivo e Legislativo, o desdém das iniciativas pública e particular na conservação e defesa do patrimônio histórico e turístico e o desprezo com que parte da população se refere à cidade e ao seu comércio interferem nesse palpitar e chegam a abalar o ímpeto de alguns comerciantes e empresários que atuam nesse espaço e a direcionar os consumidores para outros centros de compra.
A concretização do Roteiro Turístico do Centro chega a São Roque como uma auspiciosa promessa de sanar esse descompasso e representa um marco decisivo na tão sonhada revitalização da área central da cidade.
Aspecto recente da Praça da Matriz de São Roque (foto: divulgação)
Roteiro do Centro promove concurso de fotografias com premiação em dinheiro
Estão abertas, até o dia 15 de fevereiro de 2020, as inscrições para o concurso de fotografias promovido pela Associação do Roteiro do Centro de São Roque. As melhores fotos dos pontos turísticos de São Roque, premiadas ou não, serão transformadas nos próximos cartões postais da cidade. Os fotógrafos das três imagens vencedoras receberão prêmios em dinheiro, oferecidos pela Associação Comercial de São Roque – ACIA, que apoia o projeto.
A comissão julgadora divulgará as fotos escolhidas no dia 29 de fevereiro, nas suas redes sociais. Para maiores informações sobre o concurso, acesse as páginas do Roteiro do Centro no Instagram (@roteirodocentro), Facebook (https://www.facebook.com/roteirodocentro/) ou entre em contato com o Roteiro do Centro pelo e-mail roteirodocentrosr@gmail.com .
* Simone Judica é advogada, jornalista e colunista do site www.vanderluiz.com.br (simonejudica@gmail.com.br)
“Leia e compartilhe a coluna São-roquices”
Parabéns pela iniciativa. Realmente a cidade precisa desta revitalização, de cursos e capacitação para os profissionais na área de turismo, não sou moradora mas sou turista assídua da cidade e muitas vezes tenho preferido me hospedar em cidades vizinhas ou retornar para São Paulo, pois além de diárias caríssimas, a qualidade dos serviços são incompatíveis. Imaginem vocês que certa vez nos hospedamos em um hotel próximo ao centro e ao perguntarmos para o recepcionista a diferença entre a suíte de luxo e a Stand, ele nos respondeu que seria a TV, perguntamos então: “Como assim ?” e ele nos respondeu que na suíte de luxo a TV era de tela plana e na stand a TV ainda era antiga (aquelas de tubo) , pode isso nos dias de hoje??? Portanto falta investimento por parte do Poder Público sim, mas falta também dos empresários que podem e devem melhorar suas instalações e qualificar melhor seus funcionários.
Que artigo maravilhoso…
Há muto que fazer para São Roque ser melhor, mas agora é torcer por uma nova administração totalmente nova e que seja dedicada em trabalhar com amor pela nossa São Roque. É preciso união de forças não só dos poderes legislativo e Executivo mas sim da população onde cada um doe sua parte de colaboração. Essas atitudes de que´´ pago imposto e não tenho obrigação de fazer isto ou aquilo e que é obrigação da Prefeitura tem que acabar. O cidadão precisa ser voluntário, organizar mutirões na limpeza de calçadas, jar dins,descarte do lixo de forma correta e não jogando em qualquer lugar. É preciso ser parceiro da prefeitura e ser fiscal também. O Largo dos mendes virou ponto de encontro de usuários de drogas em plena luz do dia, roubos a luz do dia, andarilhos embriagados perturbando o sossego das pessoas etc. Na praça da matriz tem uma lanchonete que coloca suas mesas nas calçadas e pessoas começam a beber e é uma total falta de respeito mexendo com as mulheres, principalmente as adolescentes que passam pela praça e muitas não podem nem sentar nos bancos que ficam fazendo gracinhas, assisti muito isso por inúmeras vezes. A praça da República então é um risco até usar celular, ficar sentado etc e a noite então se transforma em algo de perversão. Vamos aguardar que seu artigo sirva de inspiração para a nova administração mudar este quadro de deterioração e abandono que vive a cidade. Parabéns e que Deus continue te iluminando.