Felipe, portador de Síndrome de Down manda recado para aqueles que ainda sofrem na sociedade: “Seja você”
Segundo a Federação Brasileira das Associações de Síndrome de Down, no Brasil, há 300 mil pessoas com Síndrome Down. Também chamada de Trissomia 21, a síndrome ocorre quando, ao invés da pessoa nascer com duas cópias do cromossomo 21, ela nasce com três. Isso é uma ocorrência genética, não uma doença.
Em alusão a trissomia, o dia 21 de março foi escolhido como o Dia Internacional da Síndrome de Down, cromossomo 21 (dia) e três cópias (mês). A data foi proposta pela Down Syndrome International (DSi) com o intuito de promover a inclusão dos portadores e o fim dos preconceitos.
Todos os anos, a DSi propõe uma temática a ser abordada. Em 2020, o tema é “NÓS DECIDIMOS”, que tem como objetivo frisar que todas as pessoas com a síndrome são plenamente capazes de tomar decisões sobre assuntos relacionados ou que afetem suas vidas, além de dar voz a organizações representativas.
Como é o caso do Felipe Soares da Rocha que vai completar 29 anos também em março e é portador da Síndrome de Down. Um jovem ativo, que completou seus estudos em uma escola especializada e que atualmente está cursando, pelo segundo ano, o curso de culinária, desta vez em Alimentos Funcionais, na UNISO (Universidade de Sorocaba). Além disso, Felipe também é ator do grupo de teatro inclusivo Associação Cultural Fazendo Arte há 15 anos. Supercomunicativo, ele toma as próprias decisões. “É ele quem determina o que quer fazer, nós apenas o acompanhamos, gerimos por ele, mas é ele quem decide”, comenta sua irmã, Taina Soares da Rocha.
Com apenas um ano e três meses de diferença de idade, sendo Taina a mais velha, ela nos conta que nunca sentiu nenhuma discrepância na convivência com o irmão. “É engraçada a pergunta como é ter um irmão com necessidades específicas, porque não tem diferença nenhuma! A pergunta soa como é ter um irmão loiro ou ruivo, não muda, é um irmão como todos os outros. Principalmente quando a gente é criança, não distingue, somos iguais. Crescemos com igualdade”.
Além dos estudos e do teatro, Felipe ainda trabalha. Ele faz parte do quadro de colaboradores de uma das lojas da Rede Bom Lugar Supermercados em Sorocaba/SP. Seu posto favorito é no pacote, pois assim ele tem contato mais próximo com os clientes e pode conversar, fazer amizades e saber se eles estão realmente satisfeitos com os serviços oferecidos. Seu pai, Pedro Geraldo da Rocha, um dos diretores da Rede, conta que além de trabalhar, ele também o acompanha em todas as reuniões da diretoria. “O tempo me mostrou um grande parceiro e amigo, porque ele está sempre comigo na loja e em todas as reuniões. Faz questão de participar de todos os momentos de trabalho e de lazer também”, orgulha-se o pai.
Sempre muito gentil e educado, Felipe encanta a todos que o conhecem e os demais diretores da Rede são os seus parceiros, como ele mesmo diz. “Eu contribuo com Rede Bom Lugar com a minha presença e com meu amor”.
Para os colegas de trabalho que convivem com o Fê, como eles mesmos o chamam, é sempre um aprendizado diário, já que o jovem é muito alto astral, atencioso com os clientes e carismático. “Eu aprendo todos os dias com o Fê sobre como amar e ser amada e como respeitar as pessoas. Ele é uma luz que tenho ao meu lado. Sua sensibilidade ímpar é algo que eu nunca vi igual”, conta Eliane Soares da Silva, gerente e caixa da Rede Bom Lugar, mais conhecida como Tia Nâne.
Já a cliente Josefa Pleins garante que fazer compras já se tornou algo especial para ela. “Eu sou cliente da loja há muitos anos e conheço o Fê desde quando ele nasceu, praticamente. Ele é uma pessoa linda, nos da atenção, gosta de conversar com a gente, tornando a minha ida ao supermercado muito mais prazerosa e feliz”.
Quando questionado sobre o que ele diria para as demais pessoas com Síndrome de Down que encontram dificuldades para se inserirem na sociedade, Felipe diz: “Seja você”.