ENTRE A CRUZ E A ESPADA: Prefeito Claudio Góes autoriza reabertura parcial de igrejas e templos em São Roque com celebrações presenciais e 20% da capacidade
Por: Simone Judica*
O prefeito Claudio Góes, por meio do Decreto nº 9.287, expedido na última quarta-feira (10), autorizou a reabertura de templos, igrejas e salões destinados a celebrações e práticas religiosas. Cultos, missas e reuniões já podem ser realizados de maneira presencial na cidade de São Roque, desde que obedecida uma série de recomendações destinadas a evitar a transmissão do novo coronavírus.
Embora o decreto ainda não conste no Diário Oficial e até o momento da veiculação deste artigo não esteja na página oficial da Prefeitura da Estância Turística de São Roque na Internet, já está em vigência, uma vez que houve sua publicação no átrio do Paço Municipal, na mesma data em que foi assinado pelo prefeito.
A decisão de liberar a retomada das atividades religiosas presenciais na cidade resultou de uma movimentação articulada por lideranças evangélicas. Porém, nem todas as igrejas concordam com a volta das celebrações com a presença dos fieis.
Em 29 de abril, a Frente Protestante Regional em Defesa da Cidadania Cristã, sediada em São Roque, protocolou na Prefeitura um documento, assinado por diversos pastores, em que pedia autorização para o retorno dos cultos presenciais.
O pedido, que não foi atendido pelo prefeito, voltou a ser formulado em 18 de maio, desta vez pelo Conselho de Pastores Evangélicos da Estância Turística de São Roque. A nova solicitação continha algumas modificações relativas à frequência dos fieis às reuniões, às normas de higiene e distanciamento social e a protocolos administrativos.
De acordo com Lucas Pimentel, pastor da igreja O Brasil para Cristo e presidente do Conselho de Pastores desde outubro do ano passado, o Conselho somente se mobilizou para reabrir os templos na cidade após a cidade de São Paulo permitir a abertura das igrejas na capital.
“Quando todas as cidades da região estavam com as igrejas fechadas, o Conselho não se mobilizou para a reabertura, embora não concordássemos com o fechamento, pois a determinação das autoridades era para distanciamento e não para isolamento social. Apesar da nossa discordância, obedecemos a todas as leis. Um grupo político deu início a uma movimentação para reabertura, mas o Conselho não participou, pois não tem vínculos político-partidários. A ação do Conselho foi organizada de acordo com a legislação que prevê liberdade de culto e com a preocupação de obedecer às normas de higiene e distanciamento social. Se não houvesse sucesso junto ao prefeito, estávamos dispostos a entrar com um mandado de segurança”, explica o pastor Lucas Pimentel.
Após diálogos com setores técnicos, representantes do Conselho de Pastores, da Frente Protestante Regional em Defesa da Cidadania Cristã e lideranças evangélicas, somados ao enquadramento do Município de São Roque na chamada faixa Laranja do Plano São Paulo, o prefeito Claudio Góes, na última quarta-feira, expediu o decreto que dispõe sobre as regras de retomada parcial das atividades religiosas no Município, durante o período de quarentena.
“Para os cristãos a ida à igreja é essencial e nenhum outro órgão ou entidade pode suprir essa necessidade espiritual. As igrejas estarão abertas para prestar um serviço essencial e permitir àqueles que querem e podem ter ali seu momento com Deus, com todos os cuidados. Como essa situação da pandemia vai se alongar, vamos possibilitar que as pessoas possam voltar a frequentar as igrejas, mesmo que com limitações. Mesmo com tantas restrições vale a pena abrir os templos porque poderemos atender pessoas que se encontram muitas vezes desesperadas, em pânico, depressão e precisam de uma oração ou uma palavra de apoio”, diz o presidente do Conselho.
Conforme informações do pastor Pimentel, o Conselho de Pastores hoje reúne representantes de cerca de cinquenta denominações evangélicas estabelecidas em São Roque. Entretanto, nem todas realizarão atividades cúlticas presenciais de imediato. “Vamos respeitar a decisão dos pastores que não queiram abrir as igrejas e também dos membros que prefiram não ir aos cultos. O que nós queríamos era garantir o direito de poder reabrir as igrejas e exercer nossa atividade. Ficamos felizes porque o prefeito entendeu nossa necessidade”, conclui Lucas Pimentel.
Bastidores: política e religião
Segundo informações obtidas em diversas fontes, a decisão tomada pelo prefeito Claudio Góes é resultado não somente da mobilização do Conselho de Pastores, mas também de pressões que mesclam dois ingredientes costumeiramente polêmicos e distintos, que cada vez mais parecem andar de mãos dadas: religião e política.
A princípio, o prefeito Claudio Góes mostrou-se firme e seguro no propósito de não flexibilizar as regras de distanciamento social referentes ao setor religioso.
Comenta-se nos bastidores que a mudança de posicionamento veio após pré-candidatos e seus apoiadores, que fazem oposição ao prefeito Claudio Góes, ofereceram suporte jurídico e político a pastores e membros de igrejas evangélicas, insuflando-os a buscar, por meio de medidas judiciais, autorização para abertura dos templos e salões religiosos, caso a permissão não fosse dada pelo Chefe do Executivo Municipal.
Tal postura há de ser interpretada como uma forte pressão ao governo, pois negar a autorização para abrir igrejas significa descontentar parcela significativa da população e, consequentemente, do eleitorado. Sem dúvida, o prefeito foi posto entre a cruz e a espada.
Qualquer que seja o motivo, é de se lamentar que o prefeito tenha estendido a flexibilização às igrejas justamente neste momento em que os números expressam aumento de casos positivos na cidade e o retorno do funcionamento de parte do comércio e da prestação de serviços já tenham demonstrado que grande parte da população menospreza os perigos e danos causados pelo coronavírus e não acata os pedidos insistentes das autoridades públicas e de saúde para se manter em suas casas.
Abrir igrejas agora é proporcionar mais uma opção de local para as pessoas irem, muitas delas irresponsavelmente, quando tudo o que mais se necessita é o distanciamento social.
Rebanho em risco
O desejo de reabrir templos e promover celebrações com o público presente, entretanto, não é unanimidade entre pastores e fieis das igrejas evangélicas e protestantes da cidade.
A Comunidade Evangélica Vale da Bênção em São Roque, situada na Av. Três de Maio e presidida pelo pastor Tércio Sá Freire Oliveira, por exemplo, não tem previsão de reabrir o templo.
“Todas as decisões da nossa liderança são pautadas em informações vindas da Organização Mundial da Saúde e de autoridades sanitárias confiáveis, que se baseiam em dados científicos. Nosso compromisso é com a preservação da vida e da saúde das pessoas. Neste momento, consideramos uma imprudência expor os membros de nossa igreja e visitantes ao risco de contaminação. Temos realizado nossas atividades de maneira virtual e prestado toda a assistência àqueles que integram nossa comunidade ou nos procuram. Estamos sendo igreja de um modo diferente, mas real. Assim continuaremos, até que tenhamos segurança de que reabrir a igreja não colocará ninguém em risco”, afirma o pastor Tércio.
Essa mesma linha também é adotada pela Igreja Metodista local, que fica na Praça da República. A denominação protestante mais antiga de São Roque permanecerá com as portas fechadas ao menos até seis de julho, quando voltará a se pronunciar sobre a possibilidade de realizar cultos presenciais.
“Como pastor de uma comunidade histórica e presente em São Roque há 122 anos, preciso ter como foco a preservação de nosso testemunho para com toda a vida humana. Para isso, é preciso unir as informações vindas dos órgãos competentes e nossa fé, a fim de orientarmos de forma prudente, assertiva e responsável tanto nossa membresia, quanto a nossa sociedade como um todo”, declara Eduardo Seixas Júnior, pastor da Igreja Metodista em São Roque.
O líder da Igreja Metodista em São Roque prossegue sua análise sobre o cenário atual e conclui não haver argumentos que sustentem a abertura das igrejas para atividades presenciais neste momento.
“Hoje, diante dos dados e informações disponíveis, notamos que a curva é ainda crescente e não há indício de que chegamos a um patamar que nos proporcione declínio dos contágios e óbitos. Sendo assim, flexibilizar diante de tais informações é decisão prematura, que beira a irresponsabilidade. No que diz respeito aos templos, não existe um fator tão preponderante para colocarmos nosso aprisco em risco desnecessário. O fator econômico e financeiro não pode e nem deve sequer ser mencionado por qualquer liderança religiosa, como motivo para a volta das atividades presenciais, pois isso depõe contra tudo o que acreditamos e, principalmente, depõe contra nossa fé e o discurso de um Deus que nos sustenta e nos guarda em sua missão”, expõe o pastor Eduardo Seixas Júnior.
A Comunidade Evangélica Vale da Bênção em São Roque e a Igreja Metodista não integram o Conselho de Pastores Evangélicos da Estância Turística de São Roque.
Leia a íntegra do Decreto Municipal nº 9.287, de 10 de junho de 2020:
* Simone Judica é advogada, jornalista e colunista do site www.vanderluiz.com.br (simonejudica@gmail.com)
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Infelizmente as pessoas não colocam a Igreja de Cristo como prioridade e não exercem mais a fé, se sujeitando a lei de homens! (e que homens…)
Não existe fundamentação alguma para esse posicionamento submisso à uma organização mundial da saúde, uma organização que perdeu toda a credibilidade após suas idas e vindas, demonstrando seu posicionamento dúbio e ideológico, nada científico. Existem diversas pesquisas e discursos totalmente contrários ao isolamento ou distanciamento, além de diversos exemplos de países com indicadores excelentes após medidas muito menos severas.
Os políticos, na sua grande maioria, não merecem nosso respeito e transformaram uma doença infectocontagiosa numa “guerra mundial”, mentirosa, falsamente baseada em simulações (matemáticas) “fantásticas” com supostos milhões de cadáveres empilhados nas ruas. Esses políticos, muito provavelmente, estariam acobertando seus reais interesses, a busca de benefícios financeiros e liberdades contra a lei de responsabilidade fiscal, decretando o estado de calamidade pública. Ainda foram acobertados por uma imprensa sedenta por notícias impactantes e lucrativas sobre catástrofes sanitárias.
A colunista, absurdamente e sem conhecimento de causa (medicina ou biologia), apossasse de uma autoridade de um juiz, lamentando a postura do executivo e depreciando a vontade de grande parcela de munícipes e líderes religiosos, aos quais deveria se subordinar. Deveria se posicionar como mais uma expectadora e não como uma depreciadora de líderes cristãos, como se irresponsáveis fossem, que na verdade tem agido de forma racional, legal e subordinando-se à decretos vigentes.