Morreu o meu xará Palhinha aos 73 anos
Um dos grandes nomes do futebol brasileiro nas décadas de 70 e 80, Palhinha faleceu nesta segunda-feira (17 de julho) aos 73, em Belo Horizonte, vítima de infecção. Chegou ao Corinthians quando o Timão lutava para sair da fila de 22 anos sem título. Estava marcado para fazer história desde a estreia quando se confirmou a escrita que prevê derrota no primeiro jogo na maioria dos casos de um futuro ídolo. Na manhã do domingo (27 de março de 1977), o Corinthians perdeu para o Guarani, no Morumbi, por 3 a 0. Caiu o técnico Duque que foi substituído Oswaldo Brandão que retornou ao Parque São Jorge para levar o Corinthians ao título paulista no histórico 13 de outubro de 1977, repetindo o feito do então último título o Paulista de 54 decidido no começo de 1955.
A “Raposa Branca do Futebol”, como era chamado por Osmar Santos em suas narrações, não participou do jogo final, mas na primeira partida da final contra a Ponte Preta fez um “gol de cara”. Dividiu com o goleiro Carlos, a bola explodiu em seu rosto e foi para o fundo do gol. Machucado, não participou do terceiro e decisivo jogo e como sempre ocorre no poster do campeão falta alguém que brilhou na campanha e eterniza-se aquele que tem a escalação confirmada por uma eventualidade.
Vocês sabem que sou corintiano e o quanto respeito a história de todos os times. Não posso deixar de falar da satisfação pessoal ao saber que era meu xará. Wanderley Eustáquio de Oliveira é o nome de batismo.
Outra simples coincidência. Em 26 de novembro de 1978, o Corinthians ganhou o primeiro turno Campeonato Paulista. Jogo duro diante do Santos, no Morumbi. Partida histórica. Aquela que Clodoaldo foi expulso inconformado com a marcação de pênalti do goleiro Vitor sobre Palhinha (mas foi pênalti e não estava impedito) e da forma como o jogo era apitado por Dulcidio Wanderley Boschilia. Clodoaldo que já tinha amarelo ficou inconformado, socou o ar, protestou e desmaiou diante de repórteres de campos (entre eles, Fausto Silva). A cena é incrível ao ver o tri-campeão do mundo de 70 sair carregado no ombro de um policial.
Foi um jogão e não posso deixar de falar que o toque que deixou Palhinha na cara do goleiro Vitor, ex-companheiro de Cruzeiro, foi de calcanhar, no melhor estilo do Doutor Sócrates.
Zé Maria bateu e o goleiro Vitor adiantou-se “muuuito” para fazer a defesa. Mesmo sem Clodoaldo que praticamente jogava de zagueiro, o gol do título veio somente no segundo tempo. Gol de Palhinha, aos 35 do segundo tempo. Eu estava na 5ª série e o meu número era 35. Alegria em dobro. Ao final, o Santos foi o campeão paulista de 78, mas Palhinha colocaria na sua galeria o Paulistão de 79.
Em 1992, narrei alguns jogos do União São João de Araras na Segunda Divisão do Futebol Brasileiro. Certo vez voltando de uma jornada – acredito que foi de Belo Horizonte -, olha que encontro no Restaurante do Lago? O mineiro Palhinha, ídolo do Cruzeiro (campeão da Libertadores/1976, Corinthians, o parceiro das tabelinhas com Sócrates e com uma uma breve passagem pela pela Seleção Brasileira.
Palhinha foi técnico do União São João e sempre voltava à cidade para visitar os amigos e marcava ponto no restaurante do Tonico Morgado, primo do João Morgado que era o repórter de campo nas transmissões a Rádio Centenário. “Você vai se sentir como se estivesse na beira do gramado. Alô, João Morgado!”
Nesse dia, tive a oportunidade de conversar por um bom tempo com um dos meus ídolos de infância. São momentos inesquecíveis que a profissão de radialista/jornalista proporciona. Depois também tive a oportunidade de entrevistá-lo na Jovem Pan. Palhinha, obrigado pelos momentos de deixaram a minha infância ainda mais feliz e ajudaram a trilhar meu caminho profissional.