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Nota de falecimento. Dirce de Paula Santos aos 100 anos

Dirce de Paula Santos faleceu aos 100 anos

A senhora Dirce de Paula Santos faleceu aos 100 anos, neste sábado (8 de julho), no Rio de Janeiro, na Clínica Villa Vecchia. O corpo será cremado neste domingo e a cinzas serão trazidas para São Roque, onde oportunamente será marcada uma cerimônia de despedida com parente e amigos, informou o sobrinho Glauco de Paula Santos. Ela não se casou e sempre foi uma pessoa pronta para ajudar os familiares.

Nascida em 14 de agosto de 1922, em Campos Novos Paulista, Dirce considerava-se uma são-roquense por chegar à cidade com apenas 9 anos de idade. Somente nos últimos deixou São Roque para receber os cuidados na clínica do sobrinho Dr. Gladston de Paula Santos. Abaixo tomamos a liberdade de reproduzir a coluna “São-Roquices” da advogada e jornalista Simone Judica por ocasião do aniversário de cem anos.

Festa de 100 anos: Dirce com os sobrinhos Gladston e Glauco

Dirce de Paula Santos: um século de vitalidade

Entre as muitas festas deste agosto está o centenário, celebrado no dia 14, da querida Dirce de Paula Santos, atualmente residente na aprazível Villa Vecchia, casa de repouso para pessoas idosas conduzida pelo seu sobrinho, Dr. Gladston de Paula Santos, em Niterói, no Rio de Janeiro.

Embora nascida em Campos Novos Paulista, considera-se são-roquense, tanto pelos laços familiares quanto pelo apreço que, desde menina, dedica à cidade onde chegou aos nove anos de idade, que permanece viva em suas mais caras recordações.

Em 2013, quando contava 91 anos de idade, entrevistei-a para a coluna “Leitor Assíduo”, uma das pérolas que já ilustrou as páginas de O Democrata. Naquela ocasião, Dirce contou-me que as opiniões políticas de seu pai, Prof. Edmundo de Paula Santos, contrárias aos rumos que o Brasil tomava com o final da Primeira Guerra Mundial, desagradaram representantes do governo do Estado e, em represália, foi ele transferido do grupo escolar de São Roque para os confins do interior, onde passou anos lecionando, até poder voltar com a família para cá.

A primeira esposa de Edmundo, Julieta Oliveira, ainda muito jovem, contraiu tuberculose. Ao sentir o agravamento do mal à época sem cura, temeu que Francisco, o filho do casal, carinhosamente chamado de “Santinho” no seio familiar, viesse a cair nas mãos de alguma madrasta impiedosa, e rogou a sua amiga Noemia Justo da Silva que se casasse com Edmundo e prometesse-lhe ser uma boa mãe para o pequeno.

Noemia aquiesceu e Edmundo atendeu ao derradeiro pedido da esposa, no leito de morte. Casaram-se e tiveram quatro filhos: Tibério, Dirce, Augusto e Synésio.

A única menina do novo casal, que desde tenra idade se revelou responsavelmente inclinada a cuidar dos irmãos, acabou por se tornar a grande ajudadora de toda a família. Crescida, optou por não se casar e, assim, ter tempo e liberdade para deslocar-se onde fosse preciso para amparar os familiares.

“Quando os sobrinhos moravam em repúblicas de estudantes, ao tempo da faculdade, chegou a passar várias temporadas conosco, o que era ao mesmo tempo muito divertido e repressor, pois Tia Dirce implantava tanto a sua alegria quanto algumas regras às vezes rígidas”, relembra o sobrinho Glauco Roque de Paula Santos.

Também é ele que conta que, em épocas diferentes, a tia deixou São Roque para auxiliar os sobrinhos em outras fases da vida. “Tia Dirce mudou-se para o Rio de Janeiro, para ajudar a família do Gladston, e até para os Estados Unidos, quando minha filha Luísa era pequena e precisávamos de uma pessoa de confiança para cuidar dela. Nessa temporada, Tia Dirce pegou amizade com o ex-ministro Dilson Funaro, quando se perdeu na cidade e ele a levou para casa”.

A amor e a proteção à família sempre dividiram espaço em seu coração com o amor a São Roque. Dirce sempre gostou de estar muito bem informada sobre os acontecimentos e a administração da sua terra. “Gosto de saber o que está acontecendo em São Roque e quando alguma coisa vai mal eu xingo, porque quero sempre ver minha cidade bem arrumada e próspera e nem sempre vejo isso. Mas, só eu posso xingar, porque falo para o bem! Não admito que ninguém fale mal de São Roque. Se não está bom, por que a pessoa não vai embora para um lugar melhor?”, falou-me de maneira enérgica!

Dirce sempre foi sinônimo de vitalidade, dinamismo, lucidez e firmeza de caráter e opiniões, atributos ainda presentes em sua ora frágil figura centenária.

Sempre amorosa e protetora, chegou a sua vez de ser amparada e hoje colhe os frutos da dedicação que sempre ofertou à família, sob os olhos e os cuidados carinhosos do sobrinho Gladston.
Cem vivas à querida Tia Dirce!!!! Que Deus a abençoe com saúde e alegria, para desfrutar dos anos que lhe estão reservados neste novo século.”

simonejudica@gmail.com)
Instagram @simonejudicasr

Vander Luiz

São-roquense, radialista e jornalista

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