Morte de gestante e bebê. Santa Casa de São Roque divulga nota
O fim de semana foi marcado por uma triste notícia, a morte na manhã de sábado (11) de uma gestante de 28 aos e do bebê que estava com 38 semanas.
Segundo boletim de ocorrência registrado na Delegacia de São Roque, a família informou que Bruna Stephanie Pires passou pelo hospital na noite de sexta-feira e foi liberada na madrugada de sábado por volta das 4h30.
Bruna teria voltado para casa sentindo dores e não passava bem como informou o pai da gestante Paulo Fagundes ao site São Roque Notícias.
Na manhã de sábado, diante da piora do quadro da gestante, a mãe e o marido de Bruna acionaram o Serviço de Urgência e Emergência.
O resgate chegou ao Bairro do Saboó 14 minutos após o chamado e encontrou Bruna inconsciente. Os socorristas fizeram os primeiros procedimentos de reanimação ainda no quarto.
A confirmação das mortes de Bruna e do bebê foi dada 30 minutos após a entrada na Santa Casa.
O site São Roque Notícias divulgou o resultado da autópsia realizada no corpo de Bruna pelo Serviço de Verificação de Óbitos da Faculdade de Medicina de Sorocaba que apontou “choque hipovolêmico, hemorragia intra-abdominal aguda, ruptura de aneurisma da aorta abdominal”.
O corpo de Bruna da mairinquense Bruna foi sepultado na tarde deste domingo em Alumínio.
A família busca esclarecimentos neste momento de profunda dor.
Por sua vez, a Santa Casa de São Roque divulgou na noite deste domingo uma nota oficial sobre o caso o qual reproduzimos abaixo na íntegra.
NOTA DA IRMANDADE SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DE SÃO ROQUE
O que há por trás de tanta má intenção?
A PROVEDORIA E DIRETORIA DA SANTA CASA DE SÃO ROQUE VEM POR MEIO DESTA ESCLARECER QUE na data de ontem (sábado 11/11) deu entrada no Pronto Atendimento da Santa Casa de São Roque, por volta das 12h40 a jovem Bruna S. Pires, gestante entre 38 e 40 semanas já em parada cardiorrespiratória.
A Santa Casa foi informada da vinda desta paciente 40 minutos antes de chegar, devido à distância e difícil localização.
Mesmo assim a equipe médica do Pronto Atendimento realizou manobras de ressuscitação sem sucesso. Era o início de uma tragédia com final obscuro e cheio de interrogações e pré-julgamentos.
O aneurisma que acometeu a paciente Bruna Pires é um problema vascular de maior mortalidade e acomete mais homens que mulheres, a partir dos 50 anos, aproximadamente.
A incidência cresce com a idade. Cerca de 4% da população sofre com o problema e, em pessoas com mais de 60 anos, o percentual aumenta para 6%.
Importante frisar que dor abdominal atípica ou dor nas costas podem estar presentes em casos de AAA, mas não são sintomas específicos, uma vez que a maioria dos casos é SILENCIOSA. Em geral são achados ocasionais durante exames de imagem para outras finalidades diagnósticas.
Quando ocorre a ruptura do aneurisma a taxa de mortalidade é altíssima, algo em torno de 90%. O que leva à morte é exatamente esse buraco que se abre na parede da Aorta Abdominal, com quadro de hemorragia interna severa e que pode matar em minutos.
A maior parte dos pacientes, algo em torno de 75%, não apresentam sintomas, e tudo pode acontecer muito rápido. Os diagnósticos chegam por meio de exames clínicos destinados a outros fins, muitas vezes solicitados por médicos de outras especialidades.
Por apresentar um quadro muitas vezes assintomático, vários pacientes, habitualmente, não são diagnosticados, e, quando o são, já estão com diâmetros aumentados ou com complicações decorrentes da doença.
Não se pode deixar de observar que o quadro de sintomas era totalmente inespecífico, e ainda em especial neste caso, a paciente estava totalmente fora da faixa etária sem qualquer dado prévio, incluindo o pré-natal, que nada detectou.
Na carteira de pré-natal nada consta. Nenhuma complicação diagnosticada por 9 meses durante toda a gestação. Nem mesmo nos prováveis exames de ultrassonografia realizados de forma preventiva e protocolar foram encontrados indícios do que acometeria a paciente Bruna.
Uma tragédia sem medida, principalmente para a família.
Procurar culpados é sempre nossa primeira ação.
Nada mais justo.
Mas estabelecer culpa a quem quer que seja num quadro clínico tão difícil, principalmente se mencionarmos a concomitância de gestação de 38 a 40 semanas sem qualquer antecedente mórbido.
Diante do ocorrido, é evidente que se está diante de uma tragédia, sobretudo para a família, entretanto, tudo torna-se muito nebuloso quando se verificam manifestações anônimas que apenas levantam hipóteses tolas e conclamam a população a atirar pedras sem saber ao certo quem são os culpados.
Sem qualquer dúvida, todo o ocorrido merece e terá uma apuração rigorosa e pautada por especialistas da área para podermos ter uma conclusão justa e perfeita e então apontar, se houver, quem são os culpados, não se pode esquecer que existem órgãos sérios, profissionais e capacitados para essa investigação.
O que não se pode aceitar, nestes tempos de ânimos acirrados e que sistematicamente tem acontecido com a Santa Casa, é a realização de um linchamento moral nas redes sociais, a qual ultimamente vem sendo vítima de difamação em redes sociais e outros canais, mas as pessoas se esquecem que amanhã são elas que poderão necessitar da Santa Casa.
Cabe lembrar que casos anteriores amplamente divulgados tiveram como fim perícias inconclusivas que reforçam que a Santa Casa vem cumprindo seu papel de prestar atendimento digno, humano e com qualidade.
Nunca podemos esquecer que a Santa Casa de São Roque é o único hospital da microrregião e está em fase de reestruturação.
A Santa Casa de São Roque realiza em torno de 150 procedimentos obstétricos e 8.500 (oito mil e quinhentos) atendimentos no Pronto Atendimento por mês, e insista-se 95% de seus pacientes são do Sistema Único de Saúde – SUS, ou seja, de população sem acesso a medicina privada, cerca de dez por cento da população da cidade passa pela Santa Casa todos os meses.
É para esta população que devemos apurar os fatos e determinar responsabilidades, com seriedade e imparcialidade.
A Santa Casa não fugirá de suas responsabilidades, não dificultará qualquer investigação e sempre estará de portas abertas para a população.
Não julguem ou sentenciem sem base sólida, os boatos, as más intenções, e mesmo o julgamento precipitado poderão destruir o único ponto de socorro de uma imensa quantidade de pessoas.
Não se deixem enganar por aproveitadores de plantão que usam a desgraça de poucos para autopromoção.
Pessoas inclassificáveis.
Cobrem e fiscalizem com responsabilidade.
Os fatos apontam para uma tragédia de difícil estabelecimento de culpa.
Não se envolva numa manobra orquestrada por grupos anônimos, cujo interesse é a desestabilização da Santa Casa de São Roque.
Por fim, a Provedoria e a Diretoria da Santa Casa de Misericórdia de São Roque manifesta o seu profundo pesar pelo ocorrido.
FISCALIZE E COBRE, MAS SOBRETUDO PRESERVE O PATRIMÔNIO DA SOCIEDADE DE SÃO ROQUE.