Grupo RB demite cerca de 300 funcionários e antiga Inal encerra atividades em São Roque. Indústria foi a maior produtora de preservativos da América Latina
A Reckitt Benckiser (Grupo RB Health) demitiu nesta segunda-feira (4) cerca de 300 funcionários da unidade de São Roque (ex-Inal – Indústria Nacional de Artefatos de Latex) e comunicou o encerramento das atividades na cidade. Funcionários relatam que foram surpreendidos com a decisão.
Em nota encaminhada à Rádio Coluna FM 87,5 a pedido do repórter Cláudio César, a empresa confirmou em poucas palavras o encerramento das atividades. “A RB Health, unidade de negócios de saúde e nutrição do Grupo RB, confirma o encerramento da fábrica em São Roque (SP) em 4 de novembro de 2019. Vale ressaltar que a companhia criou um pacote de benefícios acima do exigido pela legislação e apoio externo para ajudá-los na recolocação no mercado. A RB reitera seu compromisso de continuar investindo e gerando oportunidades no país.”
Em São Roque, eram produzidos os preservativos Olla/Jontex na Avenida Piracicaba (Vila Nova São Roque).
Segundo o relato de funcionários, a direção se reuniu com o turno da tarde e anunciou a dispensa de todos os funcionários em um comunicado que durou cerca de minutos. A empresa operava 24 horas com três turnos de trabalho.
INAL, HYPERMARCAS E GRUPO RB
A Inal (Industria Nacional de Artefatos de Latex) foi criada pelo imigrante português Adriano Dias Araújo que chegou ao Brasil em 1958 e de acordo com reportagem de 2007 da RTP (Rádio e Televisão Portuguesa) viveu dias difíceis. Trabalhou de faxineiro e a esposa Emília de doméstica para pagar as dívidas feitas para custear a viagem.
A família começou a trabalhar na embalagem de preservativos para um casal de judeus iugoslavos que dirigia uma distribuidora em São Paulo.
“Como todo bom português, nunca gastávamos tudo que ganhávamos e o nosso sonho sempre foi abrir um negócio próprio, uma padaria ou um pequeno mercado”, lembrou o filho José Gonçalves Araújo.
Em 1969, o casal de judeus convidou a família portuguesa para ser sócia na distribuição de preservativos, resultando na abertura de uma pequena loja.
O negócio cresceu e a pequena loja se transformou em uma grande distribuidora de produtos farmacêuticos, até que a família portuguesa adquiriu a parte do casal iugoslavo.
Em 1978, a multinacional Johnson & Johnson adquiriu todas as marcas do principal fornecedor de preservativos obrigando a família Araújo a tomar uma difícil decisão.
“Naquele momento, ou saíamos de vez do mercado de distribuição de preservativos ou então apostávamos todas as fichas na montagem de uma pequena fábrica própria”, afirmou José Gonçalves Araújo.
“Optamos pelo segundo caminho e, com muito trabalho, conquistamos o que temos hoje. Foi assim que tudo aconteceu”, salientou Araújo. Transcrevemos abaixo outro trecho da reportagem que trazia a seguinte manchete: “Família portuguesa detém maior produção de preservativos da América Latina”
“Quase meio século depois de deixar a cidade português de Fafe em direção ao Brasil, a família Araújo atualmente é a maior produtora de preservativos da América Latina, com uma produção mensal de 30 milhões de unidades.”
“Proprietária de uma moderna fábrica na cidade de São Roque, a 70 quilômetros a noroeste de São Paulo, a família portuguesa investiu recentemente cerca de 5 milhões de reais (1,9 milhão de euros) para duplicar a produção.”
“O número de linhas de produção aumento de cinco para oito, com a ampliação física da fábrica, que possui agora 15 mil metros quadrados de área construída e um total de 350 funcionários.”
“Com as novas instalações, a empresa tem capacidade de aumentar a produção dos atuais 30 milhões de unidades/mês para até 59 milhões de unidades, caso haja procura suficiente.”
“O próximo passo da Indústria de Artefatos de Látex (Inal) será aumentar as exportações, procurando novos mercados para além dos atualmente existentes: Caraíbas [Caribe e América Central], Uruguai e Venezuela.”
“Nosso grande desafio será o mercado externo porque temos um produto de qualidade com um preço muito competitivo”, disse o diretor comercial José Gonçalves Araújo, que planejava voltar a Portugal para encontrar um parceiro estratégico para os negócios da família no mercado europeu.
“Queremos que Portugal seja a plataforma de distribuição dos nossos produtos na Europa, uma vez que já temos até o registro da marca ‘Eurosex’, que tem tudo a ver com o negócio.”
“Atualmente, a Inal produz marcas próprias como ‘Olla’, ‘Lovetex’ e ‘Microtex’ e marcas de parceiros, como a da BENFAN, a maior organização não governamental brasileira (ONG) do setor de planejamento familiar.
MUDANÇAS DE COMANDO
Em 7 de outubro de 2009, a Hypermarcas anunciou a compra da Inal e suas marcas de preservativos por 120 milhões de dólares e aquisição das marcas de preservativos Jontex (que pertencia à Johnson & Johnson) por 101 milhões de dólares. O pagamento da Jontex foi à vista, enquanto a negociação da Inal foi financiada em cinco anos.
Segundo estimativas do mercado as vendas anuais da Inal somavam 50 milhões de reais (27,8 milhões de dólares). A Jontex tinha um faturamento anual de 70 milhões de reais (38,9 milhões de dólares), segundo informações do Jornal Valor Econômico.
As operações foram aprovadas sem restrições pelo Tribunal do CADE (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) que entendeu “que os atos de concentração não resultam em efeitos anticompetitivos nos setores de preservativos masculinos”. Além disso, “as operações autorizadas pelo Conselho representam a entrada da Hypermarcas no mercado de preservativos, pois antes da realização das operações, a empresa não produzia ou comercializava estes produtos.”
Em 22 de dezembro de 2016, a Hypermarcas anunciou a venda da área de preservativos (marcas Olla, Jontex e Lovetex) para a Reckitt Benckiser por 675 milhões de reais.
REPERCUSSÃO
Alguns minutos após ter compartilhado no Facebook esta postagem, o amigo Fábio Sarti fez um comentário – reproduzido abaixo – sobre a Inal, empresa onde o pai Domingos Sarti Filho (Bé) e o tio Heitor Sarti (Liminha) participaram da instalação em São Roque.
“Infelizmente e não muito distante, após a venda da Blowtex (Alumínio), houve também demissão em massa. E hoje vejo o mesmo com a nossa querida e sempre estimada RB (Inal – Indústria Nacional de Artefatos de Látex)…
INAL…
INAL…
Meu tio Heitor Sarti (Liminha – in memorian), que montou a primeira máquina de preservativo, convidou o meu pai Domingos Sarti Filho (Bé – in memorian) a vir trabalhar com ele na edificação da planta (como se diz hoje em dia). Vulgo construir a indústria a pedido/chamado da Família Dias Araújo.
Quantas não foram as inúmeras Famílias beneficiadas por esta…
INAL…
INAL…
Que tantas Alegrias e Aprendizado incitou a inúmeros colaboradores, dos quais muitos prosperaram com ela e fora dela…
INAL…
INAL…
Fico com o Agradecimento e Engrandecimento à Família Dias Araújo (fundadores), a meu Pai, ao meu Tio & Famílias, por tantos momentos de convívio de Alegrias, Aprendizados, Lutas incessantes, até alguns poucos motivos de discórdia (teimosia de nossa família), mas sempre a bem da ordem, sempre pelo bem da INAL…
Uma indústria que vi Nascer, Crescer e cresci com ela também!
Perdão por não nominar os inúmeros amigos que ali conquistei…
Faço coro aos ícones que por ali passaram, de que Deus conforte o coração de mais de 300 famílias demitidas, e que possam em um mais que breve futuro, estar recolocados no mercado de trabalho.
Que Deus, com sua perfeita e maravilhosa Benevolência a todos ilumine e Guarde.
Gratidão Ad Vitan !
*Em tempo. Tanto o Liminha como o Bé eram apenas Gerentes da Indústria, mas tido pela população local e regional como se fosse diretores, tamanho Amor e Dedicação.