Em 15 de novembro de 1982, Mário Luiz foi eleito prefeito de São Roque

A Coluna Arquivo Vivo é publicada toda sexta-feira no Jornal O Democrata. O arquivo do jornal desde 1917 é o maior patrimônio cultural de São Roque.

No dia 15 de novembro de 1982 – há exatos 42 anos – o engenheiro Mário Luiz Campos de Oliveira (1928/2016) foi eleito prefeito de São Roque com 76,68% dos votos válidos para um mandato de seis anos (1983/88), tendo como vice-prefeito Zito Garcia, que seria eleito prefeito na eleição seguinte. Mário Luiz já havia sido prefeito de 1960 a 1963.

O Arquivo Vivo do Jornal O Democrata relata que o Brasil vivia um período agitado na política. Em 1982, foi quase uma eleição geral, com a escolha de governador, senador, deputados federal e estadual, prefeito e vereador. No entanto, ainda faltava o voto direto para presidente da República, que se tornaria realidade apenas em 1989 com a eleição de Fernando Collor de Mello, após uma espera de longos 29 anos desde a eleição de Jânio Quadros, em 1960.

Mário Luiz (PMDB) alcançou a expressiva marca de 15.083 votos (77% arredondado), superando a soma dos três candidatos do PDS: Newton Bastos (1.789 votos, 9%), Donaldo Lopes (1.554, 8%) e Pedro Costa (731, 4%). Juntos, totalizaram 4.074 votos (21% dos votos válidos). Caso a soma desses candidatos tivesse superado a votação de Mário Luiz, o mais bem votado do PDS seria o prefeito eleito. O PT apresentou dois candidatos: Mário Júdica (284 votos, 1%) e Dimas Ferreira Carvalho Júnior (259, 1%). Houve ainda 693 votos nulos e 1.726 votos em branco.

Araçariguama pertencia a São Roque, e nesse distrito Mário Luiz obteve 62% dos votos. O Democrata publicou separadamente as votações em outras localidades: na sede (região central e bairros próximos), Mário Luiz garantiu, de forma avassaladora, 12.169 votos de um total de 15.340, conquistando 79,33% do eleitorado. Ele também liderou em Mailasqui (1.220 votos, 82,49%), São João Novo (822 votos, 65,55%) e Canguera (233 votos, 39%). Em Canguera, Mário Luiz ganhou a disputa individual, mas perdeu na soma dos candidatos do PDS, que atingiram 59% dos votos: Newton Bastos (169 votos, 28%), Pedro Costa (132, 22%) e Donaldo Lopes (56, 9%).

Nessa eleição, o voto era vinculado, obrigando o eleitor a votar em candidatos de um único partido. Caso contrário, o voto era anulado. Essa regra colaborou para que o PMDB “de ponta a ponta” elegesse 12 dos 15 vereadores: José Carlos Baroni Garcia, Zé Balaio (792 votos), Domingos Sarti Filho, Bé (721), José Antonio Sanches Dias (718), Nagib Mana (700), Mário Luiz Sabbatini (685), João Perez Gasques Filho (reeleito com 655), Antonio Carlos Pereira Rios (556), Durival Cantamessa (reeleito com 522), Guido Guazzelli (509), Luiz Roberto Soares (505), Ademar Marreiro (reeleito com 476 votos) e Celso Miguel (reeleito com 476 votos). O PDS garantiu três cadeiras com Paulino Pereira (319), Dijalmo Rodrigues (reeleito com 251) e Maurinho de Góes, pai (241).

Na mesma eleição, Franco Montoro foi eleito governador para um mandato de quatro anos (1983/86) e ainda com o poder de indicar o prefeito biônico de São Paulo para governar a capital paulista até as eleições de 1985. Mário Covas foi o escolhido. Em São Roque, Montoro teve uma votação expressiva com 14.918 votos (74%). Na sequência, vieram Reynaldo de Barros, PDS (4.046 votos, 20%), Luiz Inácio Lula da Silva, PT (709, 3%), Jânio Quadros, PTB (638, 3%) e Rogê Ferreira, PDT (24 votos, menos de 1%).

Quatro décadas depois, a eleição municipal de 2024 traz importantes semelhanças em relação aos números de 1982. Guto Issa (PSD) foi reeleito prefeito de São Roque com 73,02% dos votos válidos, enquanto Mário Luiz alcançou 76,68%. Vale lembrar que o percentual de Guto Issa pode subir dependendo de decisão da Justiça Eleitoral quanto à votação do candidato Chumbinho, que aparece com 4,02% dos votos válidos e, até o momento, tem a candidatura sub judice.

Mário Luiz e Guto Issa conquistaram 12 das 15 cadeiras da Câmara Municipal, considerando os partidos coligados nas eleições de 2024. Os dois candidatos concorreram com o número 55. O PMDB adotaria, algum tempo depois, o número 15, que se mantém até hoje, mesmo com a mudança do nome do partido para MDB, em 2017. Em 1982, por exemplo, o PT usava o número 3. Os candidatos a governador tinham apenas um número. Exemplos, Reynaldo de Barros 1, Lula 3 e Montoro 5. O candidatos a vereador tinham como prefixo o número do partido acompanhado do 6, além de mais dois números escolhidos na convenção. PMDB 56 mais dois número; PDS 16 e PT 36. Por isso, o candidato a vereador pelo PT, Severino Alves Filho (Paraíba) concorreu com o número 3615 e foi o mais bem votado do partido com 177 votos. Por sinal, Severino elegeu-se vereador pelo PT, em 1988, além de ser  primeiro o prefeito de Araçariguama (eleito em 1992), após a emancipação do distrito que pertencia a São Roque.

Agora, duas diferenças. Em 1982, a abstenção foi de apenas 6,47%. Neste ano, mantendo a tendência de alta, 23,40% dos eleitores deixaram de votar em São Roque (14.011 eleitores). Há 42 anos, a contagem ocorreu no ginásio municipal de esportes, inaugurado semanas antes, e demorou dias para ser concluída, pois os votos eram em papel. Em 2024, com as urnas eletrônicas, em poucas horas tudo estava definido em todos os municípios do Brasil.

VEJA COMÍCIO DE MÁRIO LUIZ NA VILA AGUIAR, EM 1982

ELEIÇÕES 1982

• A eleição ocorreu em 15 de novembro de 1982.
• O mandato do prefeito eleito seria de seis anos (1983-1988)
• Mário Luiz Campos de Oliveira foi eleito com 76,68% dos votos válidos.
• Teve como vice-prefeito Zito Garcia, que viria a ser eleito prefeito na eleição seguinte.
• Mário Luiz já havia sido prefeito anteriormente, de 1960 a 1963.
• Resultados –  Prefeito em São Roque
• Mário Luiz (PMDB) teve 15.083 votos (77% arredondado).
• Candidatos do PDS somaram juntos 4.074 votos (21% dos votos válidos):
• Newton Bastos: 1.789 votos (9%).
• Donaldo Lopes: 1.554 votos (8%).
• Pedro Costa: 731 votos (4%).
• O PT também apresentou candidatos: Mário Júdica (284 votos, 1%) e Dimas Ferreira Carvalho Júnior (259 votos, 1%), somando apenas 2,76%.
• Houve 693 votos nulos e 1.726 votos em branco.
• Araçariguama, na época pertencente a São Roque, deu 62% dos votos a Mário Luiz.
• Resultados em outras localidades:
• Sede (região central e bairros): 12.169 votos de um total de 15.340, com Mário Luiz recebendo 79,33%.
• Mailasqui: Mário Luiz recebeu 1.220 votos (82,49%).
• São João Novo: 822 votos para Mário Luiz (65,55%).
• Canguera: Mário Luiz obteve 233 votos (39%), enquanto os candidatos do PDS somaram 59% (169 votos para Newton Bastos, 132 para Pedro Costa e 56 para Donaldo Lopes).
• O voto era vinculado, exigindo que o eleitor votasse em candidatos de um único partido para todos os cargos, o que anulava o voto caso a regra fosse descumprida.
• O PMDB elegeu 12 dos 15 vereadores, enquanto o PDS garantiu 3 cadeiras.
• Franco Montoro foi eleito governador de São Paulo e obteve 14.918 votos (74%) em São Roque.
• Outros candidatos para governador e seus votos em São Roque: Reynaldo de Barros, PDS: 4.046 votos (20%), Luiz Inácio Lula da Silva, PT: 709 votos (3%), Jânio Quadros, PTB: 638 votos (3%), Rogê Ferreira, PDT: 24 votos (menos de 1%).
• Comparação das eleições municipais de 1982 e 2024
• Guto Issa (PDS) foi reeleito com 73,02% dos votos válidos, comparável aos 76,68% de Mário Luiz.
• Mário Luiz e Guto Issa conquistaram 12 das 15 cadeiras na Câmara, considerando partidos coligados.
• O número 55 foi usado por ambos, enquanto o PMDB trocou para 15 em anos posteriores.
• Principais diferenças:  Em 1982, a abstenção foi de 6,47%; em 2024, chegou a 23,40% dos eleitores.
• A apuração em 1982 foi feita em papel, demorando dias e ocorrendo no ginásio municipal; em 2024, as urnas eletrônicas possibilitaram resultados em poucas horas