As datas do rádio e a disputa no comércio de São Roque
Na sexta-feira passada (7), recebi várias mensagens pelo Dia do Radialista. Agradeço e aproveito para esclarecer algumas dúvidas sobre as diferentes datas que marcam o dia do rádio e do radialista. Todas elas têm importância e um fundo histórico, mas, particularmente, sou do tempo do 25 de setembro.
Nesse dia, em 1884, nasceu Edgar Roquette-Pinto, fundador da PRAA (Rádio Sociedade do Rio de Janeiro) a primeira rádio-emissora do Brasil, atual Rádio MEC (Ministério da Educação e Cultura). Em janeiro deste ano, com o Projeto de Lei nº 15.101/2025, a data passou a ser oficialmente o Dia Nacional do Rádio.
Durante muito tempo, o Dia do Radialista foi comemorado em 21 de setembro. Nessa dia, em 1943, o presidente Getúlio Vargas sancionou a lei que fixou o piso salarial da categoria. No entanto, em 2006, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva transferiu a comemoração para 7 de novembro, data do nascimento de Ary Barroso (1903–1964), radialista, músico e compositor. O mineiro de Ubá (cidade sempre lembrada nas palavras cruzadas) foi autêntico até na morte, registrou a revista “7 Dias na TV” (2 a 8/03/1964). O autor de Aquarela do Brasil (1939) “expirou exatamente no instante em que se iniciava o desfile das Escolas de Samba, na Avenida Getúlio Vargas, no Rio de Janeiro, precisamente às 21h50. Quem sabe, preferiu desligar-se da matéria e transportar-se em espírito para o ambiente que verdadeiramente lhe pertencia, o Carnaval”.
Há ainda o Dia Mundial do Rádio, comemorado em 13 de fevereiro. E tem mais: você sabia que a palavra “radialista” foi ideia do locutor esportivo Nicolau Tuma? Ele também sugeriu o termo “radista”, conforme informou a revista São Paulo na TV (março de 1965). Sou radialista desde os 16 anos (1983) e poderia preencher este espaço apenas com histórias desse veículo de comunicação quem várias vezes foi dado como morto. O rádio não acabou com a chegada da televisão nem da internet, mas vive hoje uma fase difícil, buscando uma nova identidade com muita falação e pouca reportagem, distante dos estádios, das ruas e dos fatos. Isso compromete o futuro, pois o rádio parece ter perdido a essência de sua origem.
Falando em origem, o italiano Guglielmo Marconi (1874–1937) é considerado o “Pai do Rádio”, mas há uma disputa pelo reconhecimento do padre brasileiro Roberto Landell de Moura (1861–1928), que teria realizado a primeira transmissão em 1894, dois anos antes do físico italiano. O gaúcho Landell patenteou o invento no Brasil e nos Estados Unidos, mas, sem dinheiro e sem apoio para dar continuidade ao projeto, foi chamado de louco e bruxo. Sem perder o foco da nossa coluna, o Arquivo Vivo resgata publicações que ilustram a época de ouro do rádio e a disputa do comércio de São Roque na venda dos aparelhos, oferecendo orientações técnicas e divulgando o nome dos compradores de umproduto cobiçado e caro.
Foto 1. A Casa Reinaldo [Verani] trazia conselhos úteis aos possuidores de rádio:
“Não entregue o seu rádio a um curioso”; “se o rádio funciona mal para uma estação e bem para outras, o defeito está na estação, e não no rádio”; “não estranhe ouvir o motor de automóvel que passa interferindo no seu rádio, este automóvel é antiquado”. (O Democrata, 07/11/1935)
Foto 2. Compradores de rádio na Casa Reinaldo. Entre dezenas de clientes, o professor Argeu Villaça, Euclydes de Oliveira, Ismael Victor de Campos, dr. Júlio Arantes de Freitas, Joaquim Firmino de Lima (Zico Lima) e Antonino Dias Bastos (todos foram prefeitos de São Roque), além da Sociedade União Literária que passava a oferecer mais um atrativo aos associados
Foto 3. A Casa Basílio se dizia recordista em vendas de rádio e anunciava que tinha apenas 65 unidades do rádio Pilot, um aparelho de 5 válvulas superior aos de 8 válvulas
Foto 4. Nos anos 1960, a Casa Pontes anunciava “as melhores marcas pelos menores preços”
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Na sexta-feira da semana passada (7), recebi várias mensagens pelo Dia do Radialista. Por isso, aproveito para tirar algumas dúvidas com tantas dadas que marcam o dia do rádio e do radialista. Todas as datas são importantes e tem o fundo histórico, mas particularmente tenho na cabeça o dia 25 de setembro. Nesse dia, em 1884, nasceu Edgar Roquette Pinto fundador da PRAA (Rádio Sociedade/Rio de Janeiro) a primeira rádio-emissora oficial do Brasil atual Rádio MEC (Ministério da Educação e Cultura). Em janeiro deste ano (projeto 15.101/2025), a data passou a ser o Dia Nacional do Rádio.
No dia 21 de setembro comemorava-se o Dia do Radialista. Nessa data, em 1943, o presidente Getúlio Vargas sancionou a lei que fixou o piso salarial da categoria. No entanto, em 2006, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva transferiu para 7 de novembro, data do nascimento de Ary Barroso (1903/1964), radialista, músico e compositor. O mineiro de Ubá (cidade sempre lembrada nas palavras-cruzadas) que até na morte foi autêntico registrou a Revista “7 Dias na TV” (2 a 8/03/1964). O autor de “Aquarela do Brasil, “expirou exatamente no instante em que se iniciava o desfile das Escolas de Samba, na Avenida Getúlio Vargas/Rio de Janeiro, precisamente às 21h50. Quem sabe, preferiu desligar-se da matéria e transportar-se em espírito para o ambiente que verdadeiramente lhe pertencia, o Carnaval”. Tem ainda o Dia Mundial do Rádio comemorado em 13 de fevereiro. E tem mais! Você sabia que a palavra radialista foi uma ideia do locutor esportivo Nicolau Tuma, que também sugeriu “radista”, registra a revista “São Paulo na TV” (março 1965).
Sou radialista desde os 16 anos (1983), nos tempos da Rádio Universal de São Roque, e poderia preencher este espaço somente com histórias deste veículo de comunicação que foi dado como morto em várias oportunidades. Não acabou com a chegada da televisão e da internet, mas vive uma fase terrível buscando uma nova identidade com muita falação/comentários, distante dos estádios, ruas e dos fatos. Compromete o futuro porque perdeu a essência da origem. Por falar em origem, o italiano Guglielmo Marconi (1874/1937) é considerado o “Pai do Rádio”, mas existe uma luta para o reconhecimento do padre brasileiro Roberto Landell de Moura (1861-1928), que teria feito a primeira transmissão, em 1894, dois anos antes do físico italiano. Landell patenteou o invento no Brasil e nos Estados Unidos, mas não tinha dinheiro para dar sequência ao projeto e foi chamado de louco e bruxo.
Mas sem perder o foco da nossa coluna, o Arquivo Vivo do Jornal O Democrata resgata publicações que demonstram a época de ouro do rádio. A disputa das casas comerciais para a venda dos aparelhos trazendo orientações técnicas e o nome dos compradores.
Foto 1. A Casa Reinaldo [Verani] publicou uma lista de úteis aos possuidores de rádio. “Não entregue o seu rádio a um curioso”, “se o rádio funciona mal para algumas estações e bem para outras, o defeito está na estação e não no rádio”; “não estranhe ouvir o motor de automóvel que passa interferindo no seu rádio, este automóvel é antiquado”. O Democrata (07/11/1935
Foto 2. Compradores de rádio na Casa Reinaldo. Entre dezenas de clientes, professor Argeu Villaça, Euclydes de Oliveira, Ismael Victor de Campos, dr. Júlio Arantes de Freitas, Joaquim Firmino de Lima, Antonino Dias Bastos (todos foram prefeitos de São Roque), Além da Sociedade União Literária que passava a oferecer mais uma atração para os associados
Foto 3. A concorrência era pesada. A Casa Basílio se dizia a recordista das vendas de rádios e anunciava que tinha apenas 65 unidades do Rádio Pilot, um aparelho gigante de válvulas superior aos de 8 válvulas. Jornal O Democrata (07/11/1935)
Foto 4. Nos anos 1960, a Casa Pontes anunciava “as melhores marcas pelos menores preços”

