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A Corrida de Aleluia deixou de ser realizada em algum ano?

Em 1989, pódio da 42ª Corrida de Aleluia: ganhador Nelson Tenório Gomes (Oliveira Team Embu), 2º Advaldo Cardoso Neves Metal Leve/Santo Amaro), 3º José Pereira da Silva (Corinthians); 4º Clóvis Estevão Capas (Equipe Jacaré/Baueri) e 5º Laércio de Moraes (Eletropaulo). Vice-prefeito Antonio Carlos Pereira Rios e prefeito Zito Garcia. Foto arquivo Zito Garcia

Alguns amigos perguntaram quantas vezes a Corrida de Aleluia de São Roque deixou de ser realizada?

Neste ano, como sempre marcada para o Sábado de Aleluia, a tradicional corrida de rua foi adiada (11 de abril) por conta da pandemia do coronavírus. Existe a expectativa que possa ser organizada ainda neste ano.

Em 82 anos de história, a Corrida de Aleluia deixou de ser realizada em nove oportunidades.

Disputada pela primeira vez em 1938, sofreu três interrupções.

Por conta da Segunda Guerra Mundial, não foi organizada nos anos de 1942/43/44/45.

Só para lembrar. Durante a Segunda Guerra Mundial (1939/45) foram canceladas duas edições da Copa do Mundo (1942 e 1946) e duas Olimpíadas: Tóquio (1940) e Londres (1944).

Anteriormente, a Primeira Guerra Mundial (1914/18) foi a responsável pelo cancelamento dos Jogos de Berlim (1916).

Voltando para nossa São Roque, a Corrida de Aleluia também não foi realizada nos anos de 1949 e 1950 e de 1958/59/60/61. Não tenho os motivos para o cancelamento dessas edições.

A minha fonte de pesquisa é o Jornal O Democrata com busca somente nos anos em que a prova foi realizada.

Precisaria de uma pesquisa mais apurada para encontrar possíveis explicações. Mas provavelmente por falta de patrocinadores ou mudança na comissão organizadora.

Em 1953, por exemplo, a prova quase não foi realizada por falta de patrocínio. O empenho de um grupo de esportistas manteve a tradição.

Por isso, em 2020 chegamos a 73ª edição, sem as interrupções esta seria corrida de número 83.

Site oficial  da Corrida de Aleluia 2020 adiada por conta do coronavírus

ORIGEM

A Sociedade Recreativa Guglielmo Marconi (fundada em 20 de outubro de 1935) foi a criadora da Corrida de Aleluia por iniciativa dos esportistas Vasco Barioni, José Guissardi, Júlio Boschini e Fausto Seben, entre outros.

A entidade organizou as três primeiras edições da prova noturna sempre disputada no Sábado de Aleluia.

De 1941 a 1948, foi organizada pela Comissão de Esportes ligada à Prefeitura de São Roque. Neste período, veio a paralisação motivada pela Segunda Guerra Mundial.

No entanto, a Corrida de Aleluia mudou várias vezes de comando.

Foio organizada pelo Grêmio União Sanroquense, Comissão Municipal de Esportes, por uma comissão provisória (1956) e pela Corporação Musical Carlos Gomes. Até que a Prefeitura assumiu definitivamente a organização da prova.

SANTA FÉ GRAF DE OLIVEIRA O PRIMEIRO VENCEDOR

Em 1938, a primeira edição teve a vitória de Santa Fé Graf de Oliveira (Clube Atlético Ítalo Brasileiro – CAIB) de Caieiras.

Santa Fé ganhou uma medalha de prata com orla de ouro e um corte de tecido da afamada Tecelagem de Seda São Roque, de Giovanni Alé.

Alguns depois o Clube Atlético Ítalo Brasileiro clube passou a se chamar Brasil Futebol Clube ao que tudo indica por conta do Decreto-Lei número 4.166, de 11 de março de 1942, do presidente Getúlio Vargas.

Em plena Segunda Guerra Mundial o decreto determinou que súditos alemães, japoneses e italianos, pessoas físicas ou jurídicas, respondem pelo prejuízo causado pelo ataque do navio brasileiro “Taubaté”, por forças de guerra da Alemanha, no Mar Mediterrâneo.

Dessa forma, várias entidades mudaram de nome. Em São Paulo, o Palestra Itália virou Palmeiras e o Germania passou a ser Pinheiros. Em São Roque, a Corporazione Musicale Conte di Torino mudou para Corporação Musical Carlos Gomes.

Decreto 1942 Getúlio Vargas

 

A família do primeiro ganhador da Corrida de Aleluia tinha ligações com o Itálo Brasileiro/Brasil como mostra o site Caieiras Mídia de 12 de dezembro de 2011 com a foto que reproduzimos abaixo onde estão Pedro e Guiomar Graf.

Diretoria do Brasil de Caieiras (1977): Valdemar Viana, Pedro Graf, Rubens Barrichelo, Guiomar Graf, Roberto Cunha, Arnaldo Barrichelo e Lourides Del Porto. Foto Caieiras Mídia

JOÃO DE CANDINHA: PRIMEIRO E ÚNICO SÃO-ROQUENSE A GANHAR A CORRIDA DE ALELUIA

Em 1938, na primeira edição da Corrida de Aleluia, João de Candinha foi o melhor são-roquense garantindo a 9ª posição.

O Jornal O Democrata (23/04/1938), registra que “ao melhor colocado são-roquense, João Baptista (Candinha), a galante menina Odilinha, filha do dr. Adail Ary de Oliveira, digna autoridade policial local, ofereceu um riquíssimo estojo de xícaras para café”.

Entre, o campeão Santa Fé Graf de Oliveira e João de Candinha ficaram sete atletas de Sorocaba: 2º) Francisco Grillo (Primavera Club), 3º) Francisco Madureira (E.U. Bom Jesus), 4º) Luiz A. de Camargo (S. Paulo F.C./Sorocaba), 5º) José Pinheiro (A.A. Sorocaba), 6º) Miguel Parra (Primavera), 7º) Jorge Lopes (Primavera) e 8º) Francisco A. Lopes (Primavera).

No entanto, no ano seguinte (1939), João de Candinha se tornaria o primeiro e único são-roquense a ganhar a Corrida de Aleluia representando o Bandeirantes F.C., do Bairro do Marmeleiro.

Se a nossa Corrida de Aleluia deixou de ser realizada algumas vezes, a Corrida de São Silvestre é disputada no último dia do ano sem interrupção desde 1925.

Os atletas foram para as ruas de São Paulo até mesmo com a Revolução Constitucionalista de 1932 e durante a Segunda Guerra Mundial.

ATUALIZAÇÃO – A Corrida de São Silvestre de 2020 foi adiada para 11 de julho de 2021 por conta da pandemia.

 

Vander Luiz

São-roquense, radialista e jornalista

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